Prevenção neonatal
O nascimento de um bebê inicia, para os pais, uma jornada de cuidado que vai, lenta e gradativamente, diminuindo de intensidade. Os primeiros dias são os mais importantes e exigentes nos cuidados com o recém-nascido. É nessa fase que redobramos a atenção, fazendo uma prevenção neonatal muito bem feita. Ela é primordial para a saúde do bebê e gerará impactos positivos ao longo de toda a vida da pessoa.
A evolução da prevenção neonatal nas últimas décadas aumentou drasticamente a sobrevida infantil, especialmente a dos bebês prematuros. No Brasil, o trabalho integrado do Ministério da Saúde com a Fundação Fiocruz tem conseguido reduzir as taxas de mortalidade neonatal.
Os cuidados pediátricos com a saúde do indivíduo começam antes mesmo dele vir ao mundo. A consulta pediátrica pré-natal é a primeira da puericultura – que é o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento do indivíduo até a fase adulta. A partir da pediátrica pré-natal seguirão várias outras consultas, já após o nascimento do bebê. As primeiras servem, em grande medida, para acompanhar as medidas de prevenção neonatal.
Quando falei sobre as cólicas do lactente e sobre a prevenção de acidentes de bebê, reforcei que o sistema nervoso central e periférico dos recém-nascidos é bem imaturo – assim como vários dos seus outros sistemas, como o imunológico, por exemplo. Nos seus primeiros dias, o bebê precisa receber doses extras de proteção, tanto para se defender de doenças quanto para gerar condições para a evolução da sua fisiologia.
Ganhando camadas de defesa
Logo que o bebê nasce nós, pediatras, já utilizamos uma eficaz e consagrada técnica de prevenção de doenças: as vacinas. A BCG e a contra hepatite B são aplicadas nas primeiras horas de vida.
Além das vacinas, outra poderosa arma na prevenção neonatal é o leite da mãe. Aproximadamente entre o primeiro e o quinto dia o recém-nascido vai receber o colostro: um leite espesso, amarelado, com pouca gordura e muito concentrado em minerais, vitaminas, proteínas e leucócitos.
Uma das proteínas presente no colostro, a imunoglobulina, e os leucócitos atuam diretamente no desenvolvimento do sistema imunológico do bebê. Aquela atua na neutralização de vírus e outros microrganismos enquanto estes aceleram a resposta imune do recém-nascido.
Outra ação fundamental para a prevenção é a realização dos testes de triagem neonatal: o do pezinho, o do olhinho, o da orelhinha e o do coraçãozinho. É por meio deles que fazemos o diagnóstico precoce de diversas doenças. Nunca é demais lembrar que quando diagnosticamos patologias em fase pré-sintomática podemos mudar completamente a história daquela doença e, consequentemente, do paciente.
Prevenção neonatal: como ela auxilia no desenvolvimento fisiológico
Para além de aumentar as defesas do organismo, as ações de prevenção neonatal são fundamentais para desenvolver o organismo do recém-nascido. Um bebê não nasce “pronto”, fisiologicamente falando. Seus tecidos, órgãos e seu metabolismo estarão maduros depois de um bom tempo fora da barriga da mãe.
Portanto, especialmente nos primeiros dias do bebê, a amamentação é extremamente fundamental. Aproximadamente a partir do sexto dia de vida, o recém-nascido passará a receber o leite de transição, que é carregado de gorduras e carboidratos. Eles são necessários para conceder energia para o desenvolvimento de todos os processos fisiológicos. O leite de transição concede nutrientes que vão atuar no fortalecimento do corpo do bebê, criando condições para que ele passe a “comandar” seu próprio sistema musculoesquelético.
Como já mencionei, o sistema nervoso periférico dos bebês é bem imaturo. Os primeiros dias são muito importantes para que eles desenvolvam sua sensorialidade: paladar, olfato, audição, tato e visão. Conforme expliquei no texto sobre o sono do bebê, nos primeiros dois a três meses, o recém-nascido nem distingue o dia da noite. Tanto que, até o final do primeiro ano de vida, a criança deve dormir de 12 a 16h por dia. É durante o sono que o hormônio do crescimento é liberado e acontece boa parte da evolução neurológica, com a fixação de informações sobre sons, cheiros e sabores nas memórias do bebê.
Ao longo do primeiro ano de vida, o bebê deve realizar pelo menos 14 consultas de puericultura – uma na primeira semana de vida, outra antes de completar 30 dias e, a partir de então, uma por mês. Elas permitem que a pediatra acompanhe o desenvolvimento do organismo do bebê e esteja atenta ao menor sinal de alguma doença.
Ainda durante a gestação, converse com a sua pediatra sobre todas as importantes ações de prevenção neonatal. Se quiser tirar alguma dúvida comigo, é só entrar em contato que marcaremos uma conversa!