Leite de transição e sua importância

Para a mãe e o recém-nascido, cada dia é completamente novo! Para ele, o contato com o mundo traz, quase ininterruptamente, estímulos cognitivos e fisiológicos. E um dos “estímulos” que ele recebe vai se transformando dentro da mãe: o leite materno. Este, que vai se diferenciando conforme muda a necessidade do recém-nascido, evolui do colostro para o leite de transição normalmente depois do quinto dia de amamentação.

No mês que vem celebramos o mês da amamentação, o Agosto Dourado. Para marcar a ocasião, desde o final do mês passado, tenho falado do aleitamento materno, explicando detalhadamente cada fase.

Quem quiser entender um pouco mais sobre as etapas da amamentação pode voltar ao texto que publiquei ainda no ano passado. Nele explico as três fases do leite materno – o leite maduro, o leite de transição e o colostro, sobre o qual falei detalhadamente no último texto que publiquei aqui no site. Hoje vou me dedicar a explicar de maneira mais aprofundada o período entre o quinto e o 15º dia de aleitamento, etapa na qual o bebê consome o leite de transição – também conhecido como leite transicional.

Transição alimentar

 

Composição do leite materno em sua segunda fase

Quem leu os textos sobre desenvolvimento motor de bebês e sobre deficiência de ferro em crianças já sabe que os recém-nascidos crescem de forma bastante acelerada. No primeiro ano de vida uma criança cresce, em média, 25 cm. E conforme o bebê se desenvolve, ele precisa de mais alimento. Portanto, a primeira e marcante diferença entre o colostro e o leite de transição é a quantidade secretada. Enquanto nos primeiros cinco dias de aleitamento o recém-nascido não consegue ingerir mais que 20 mL de leite por mamada, nos 10 dias seguintes ele chega a ingerir quase 90 mL por mamada!

Nessa segunda fase de maturação, o leite já tem uma composição sensivelmente diferente do colostro: mais gordura e mais carboidratos, especialmente a lactose, e menos proteínas e glóbulos brancos.

Dentre as gorduras que compõem o leite de transição, é importante destacar os ácidos graxos, que são tipos de lipídios formados por longas cadeias de carbono. Sua composição no leite transicional atende duas necessidades importantes do recém-nascido: imediata liberação de energia, uma vez que são gorduras de rápida metabolização, e aumento da imunidade, graças às suas propriedades antivirais.

E apesar de não ter tantas características imunológicas quanto o colostro, o leite de transição também traz sua carga de proteção! Ao invés de uma grande concentração de imunoglobulinas como a sIgA, tão presente no colostro, no leite de transicional encontraremos a lisozima, uma enzima capaz de digerir alguns carboidratos de alto peso molecular, presente nas paredes celulares de certas bactérias. Em outras palavras, essa enzima atua na destruição de algumas bactérias que poderiam infectar o bebê.

 

Leite de transição e a importância da primeira quinzena de amamentação

No texto sobre o colostro destaquei quão importante são os primeiros dias de aleitamento materno. São nos primeiros dias de vida que o bebê está mais frágil; sua força e imunidade dependem de um alimento que atenda perfeitamente às suas necessidades.

E é incrível perceber como o organismo da mãe tem a capacidade de se adaptar para produzir o alimento que o filho precisa! Se nos primeiros cinco dias a demanda do bebê é por proteção e imunidade, a mãe desenvolve um leite rico em imunoglobulinas e glóbulos brancos! Só que passados esses primeiros dias, a demanda do bebê muda um pouco: seu sistema imunológico chegou num nível de desenvolvimento que possibilita um certo nível de auto evolução. A partir do sexto dia de vida, o bebê precisa de energia!

Daí a importância dos 10 dias que sucedem a primeira etapa da amamentação…! Com o leite de transição, o recém-nascido passa a receber os nutrientes que vão atuar no fortalecimento e desenvolvimento do seu corpo. E essa evolução acontece de forma integrada: as proteínas presentes no leite de transição fornecem os aminoácidos necessários para o devido desenvolvimento do cérebro. E conforme este vai ficando mais complexo, criam-se as condições que ele “comande” o crescimento dos órgãos e do sistema musculoesquelético do bebê, conforme a disponibilidade de alimento que chega.

A amamentação é a etapa mais importante do desenvolvimento da criança, ao longo de toda a sua infância! Por isso o Agosto Dourado é tão importante, já que ele chama a atenção para essa fase da vida! No próximo texto vou falar do leite maduro, o alimento que o recém-nascido vai consumir até chegar na fase de transição alimentar! Fique atento ao site e ao Instagram para você ficar sabendo do texto assim que ele for publicado!