Colostro: por que ele é tão importante para os bebês?

Daqui a pouco mais de um mês celebraremos o mês da amamentação. No Agosto Dourado, organizações de saúde de todo o mundo envolvem-se na promoção e incentivo ao aleitamento materno. Neste ano, resolvi aproveitar a ocasião para falar um pouco mais sobre amamentação, explicando detalhadamente cada fase. Neste texto vou falar da importância dos cinco primeiros dias de amamentação, período no qual o bebê vai se alimentar do colostro.

Quem me acompanha aqui no site e no Instagram sabe que, sempre que possível, retorno ao tema “nutrição”. Especificamente sobre amamentação, já publiquei um texto, ainda no ano passado, no qual explico que o leite materno passa por três fases de amadurecimento. Entre o primeiro e o quinto dia, o recém-nascido vai receber o colostro. Entre o sexto e o 15º dia, a mãe desenvolve o leite de transição. E a partir do 16º dia, a mãe produzirá o leite maduro, que é o último estágio de maturidade que o leite materno alcança.

Toda a fase de amamentação é de extrema importância para o desenvolvimento físico e cognitivo do bebê. Mas se, dentro dos seis primeiros meses de vida do recém-nascido – período no qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o leite materno seja o único alimento do bebê – eu pudesse destacar uma fase mais importante, seriam os primeiros dias!

Transição alimentar

 

Colostro: do que é composto?

O primeiro leite que a mãe desenvolve não é exclusividade dos seres humanos. O colostro é produzido por quase todas as espécies de mamíferos, com pequenas variações no tempo de secreção. Na nossa espécie, o colostro normalmente é secretado nos primeiros cinco dias após o parto, podendo se estender por mais dois dias.

Esse leite começa a ser produzido aproximadamente na 20ª semana de gestação e vai se acumulando nas células alveolares dos seios. Há vários casos de secreção espontânea de colostro antes mesmo do bebê nascer. Esse tipo de evento é normal, é só um sinal que o corpo da mãe está mudando e todo o organismo está buscando se adaptar a isso.

Com uma consistência mais espessa e um tom mais amarelado, o colostro tem pouca gordura, é muito concentrado em minerais, vitaminas e, principalmente, proteínas. Dentre estas, destacam-se as imunoglobulinas, muito presentes no nosso sangue. Elas são fundamentais para o equilíbrio do sistema imunológico, uma vez que têm a propriedade de se ligar a receptores na superfície das células de diversos tecidos e influenciar o seu comportamento. E a influência que as imunoglobulinas exercem é a de neutralizar e eliminar vírus e outros microrganismos que entram no nosso corpo.

Além das proteínas, o colostro transfere da mãe para o filho uma enorme quantidade de glóbulos brancos, células responsáveis por executar a resposta imune do organismo, favorecendo sua defesa contra patógenos.

Por ter uma composição tão rica em elementos responsáveis por proteger o nosso corpo é que consideramos o colostro como uma das primeiras “vacinas” que o bebê recebe. A grande vantagem é que essa vacina é produzida na regulagem exata para o recém-nascido, tanto em quantidade quanto em potência.

 

Importância dos primeiros cinco dias da amamentação para os bebês

Acho que já deixei clara a principal importância do colostro na fase de amamentação dos recém-nascidos… É por causa dele que os bebês “turbinam” sua imunidade, ficando menos suscetíveis a doenças. Mas esse não é o único benefício trazido pelos primeiros cinco dias de amamentação.

Os recém-nascidos têm sistemas digestivos pequenos e muito imaturos. Tanto que, raramente, o bebê consegue ingerir mais do que 20 mL de colostro por mamada. Mas mesmo em pequena quantidade, o bebê o digere com facilidade. Até porque o próprio leite ajuda nisso.

Entre as imunoglobulinas que compõem o colostro, uma é especial: a sIgA, abreviação do termo em inglês Secretory Immunoglobulin A. Em bom português, significa Imunoglobulina Secretória A, uma subclasse de imunoglobulina que atua principalmente em mucosas. Quando elas entram no corpo do bebê, revestem os tecidos do trato gastrointestinal, aumentando a resistência e a imunidade do sistema digestivo.

É graças à sIgA que o recém-nascido poderá receber, em alguns dias, um leite diferente. Não tão leve como o colostro, mas que trará muitos outros benefícios. Vamos falar deles no próximo texto… Siga-nos no Instagram para ficar sabendo do texto sobre o leite de transição assim que ele for publicado!