Amamentação

Aqui no site, quando escrevi sobre transição alimentar, expliquei sucintamente sobre a importância do leite materno para recém-nascidos. Já neste texto vou me dedicar exclusivamente à amamentação, destacando porque ela é tão importante.

Como escrevi no texto sobre transição alimentar, sempre que possível, o aleitamento materno deve ser a única forma de alimentação das crianças nos primeiros seis meses de vida. A recomendação de usar o leite materno como alimento exclusivo é da Organização Mundial de Saúde (OMS) e justifica-se pelo fato do leite materno ser o alimento ideal para bebês: ele é seguro, limpo e contém anticorpos que ajudam a proteger a maioria das doenças que acometem crianças de até seis meses.

Fundamental para bebês, o leite materno traz benefícios para crianças mesmo após os dois anos de idade. Na fase inicial de vida da criança, o ato de amamentar também é muito importante no desenvolvimento do vínculo entre mãe e filho.

Transição alimentar

 

Benefícios do leite materno para bebês e crianças

A sucção é um instinto primitivo presente em todos os mamíferos. Assim como a deglutição, a capacidade de sucção é um reflexo natural e involuntário de bebês, que começa a ser formado no quarto mês de gestação.

Como um recém-nascido ainda está formando a sua consciência, qualquer contato com um elemento externo ajuda no desenvolvimento da sua cognição. O ato de sugar o seio da mãe e ir sentindo saciedade ao deglutir o leite é o que possibilita, ao recém-nascido, a compreensão da necessidade do alimento. Nos primeiros meses de vida, essa compreensão acontece no inconsciente. Contudo, ela será fundamental no desenvolvimento do indivíduo adulto.

O tempo e a frequência com a qual acontecem as mamadas também são fundamentais para o desenvolvimento da capacidade motora das crianças. A sucção torna-se um exercício para os bebês e pela repetição do movimento eles, mesmo inconscientemente, vão desenvolvendo a noção de controle dos movimentos da face.

Além dos benefícios cognitivos e motores, a amamentação nos primeiros seis meses de vida traz gigantescas vantagens nutritivas. Nos cinco dias após a gestação, o leite produzido pela mãe é o colostro: uma versão mais líquida e muito rica em proteínas, do leite. O colostro tem alta concentração de imunoglobulinas, proteínas que auxiliam no desenvolvimento do sistema imunológico do bebê.

Aproximadamente entre o quinto e o 15º dia após o parto, a mãe desenvolve o leite de transição. Este tem menos proteínas que o colostro, porém contém mais gorduras e lactose. Essa composição favorece a saciedade do bebê, dando-lhe a sensação de mais energia. Além disso, o leite de transição possui ácidos graxos que têm características antivirais.

Após o 15º dia do parto, o leite alcança o seu último estágio. O chamado leite maduro tem uma composição mais variada – proteínas, lipídios, carboidratos, vitaminas e sais minerais –, que são os elementos necessários para o correto desenvolvimento motor e cognitivo do bebê.

 

Amamentação: rotinas e procedimentos

Nos primeiros seis meses de vida, o leite materno deve ser oferecido sobre a forma de livre demanda, ou seja, o leite é oferecido quando o bebê apresentar os sinais de fome – buscar o peito com a boca, inquietação ou choro.

Mais especificamente nos primeiros dias de vida, o intervalo entre as mamadas não deve passar de 3 horas, devido ao risco de hipoglicemia e desidratação. Quando o bebê adquirir um peso satisfatório, ele poderá ficar mais tempo sem mamar!

Nos primeiros dias, é normal que o bebê apresente sonolência durante as mamadas. Nessas situações, é importante que a mãe estimule o bebê para que ele não adormeça, principalmente nos minutos iniciais da amamentação. A mamada é o momento dele se alimentar. Sendo assim, é fundamental que ele consiga, pelo maior período de tempo possível, sugar e deglutir o leite.

Existem algumas posições que mãe e bebê devem assumir no momento de amamentação: a) mãe carregando o filho no colo; b) mãe e filho deitados na cama; c) mãe sentada com o filho sobre o seu colo e com a cabeça apoiada pela mãe e; filho apoiado em cama ou mesa com a boca na altura do seio da mãe

A posição na qual mãe e filho se sentirem mais confortáveis é a mais recomendada. Entretanto, nos quatro primeiros meses de vida, quando a criança ainda não consegue firmar o pescoço, recomenda-se a posição tradicional, com a mãe (em pé ou sentada) carregando o filho no colo.

Nessa posição é fundamental que a mãe envolva o bebê com seu braço de forma que ele fique alinhado ao diafragma da mãe. Essa altura favorece a “pega” da boca do bebê.

Sempre é válido lembrar que o bebê não mama no bico e sim na auréola. Portanto, é preciso que a mãe esteja atenta à abertura da boca do bebê. Quanto mais da auréola ele conseguir absorver com a própria boca, melhores são as chances da sucção e da deglutição ocorrerem da forma adequada.

Os primeiros seis meses de vida são fundamentais para o correto desenvolvimento motor, cognitivo e psicológico da criança. Como nessa fase o bebê eminentemente se alimenta e dorme, o momento da amamentação deve ser feito com muito cuidado e carinho. Caso você tenha dúvidas sobre esse processo, faça contato, agende sua consulta e conversaremos detalhadamente sobre o caso do seu filho.