Bronquiolite

Há aproximadamente quatro meses, quando explicamos o fenômeno da “tripledemia” – que estava atingindo o Brasil e outros países -, falamos do vírus sincicial respiratório, o VSR. Esse agente etiológico que há muito tempo é conhecido pela ciência, além de provocar gripe infantil,costuma também ser o responsável pela bronquiolite.

Essa patologia, que só se manifesta em crianças, é descrita como uma doença inflamatória aguda do trato respiratório inferior, mais especificamente dos bronquíolos terminais – as últimas e mais finas ramificações dos brônquios.

Vale deixar claro aqui que, apesar de parecidas, a bronquiolite e a bronquite são diferentes. Enquanto esta é uma inflamação dos brônquios e tem alta incidência em crianças e adultos, a bronquiolite é bastante comum em crianças  menores de 2 anos, tendo incidência ainda maior entre 2 e 6 meses de idade.

Transição alimentar

 

Causa, transmissão e sintomas

A inflamação característica da bronquiolite é a resposta do organismo à infecção viral. Comumente ela é provocada pelo VSR mas outros vírus como o parainfluenza e o metapneumovírus também podem ser os causadores.

Em grande medida, a bronquiolite ocorre devido à baixa imunidade do bebê e ao fato de seu sistema respiratório ainda ser imaturo. Como o bebê ainda não tem anticorpos contra o VSR e os outros vírus causadores da doença, a infecção rapidamente alcança os bronquíolos.

A bronquiolite é uma doença de alta incidência no Brasil e no mundo. Esse fato deve-se, em grande medida, à alta transmissibilidade dos causadores da doença, especialmente o VSR. Em superfícies, ele consegue permanecer ativo por horas.

Além de se infectar por meio do contato com superfícies contaminadas, a criança pode adquirir bronquiolite pelo ar, pelo contato com saliva ou com qualquer outro tipo de secreção que contenha o vírus.

Vários dos sinais e sintomas da bronquiolite também se manifestam em outras patologias das vias aéreas superiores e inferiores, como a pneumonia infantil. Os sinais e sintomas mais clássicos são o nariz escorrendo e tosse leve. Contudo, se depois de um ou dois dias a criança apresentar tosse mais persistente e pronunciada, febre e respiração difícil e ofegante, a infecção viral pode ter evoluído para bronquiolite.

Alguns sinais são mais claros de que a infecção se agravou. Se a boca ou pontas dos dedos adquirem uma aparência azulada e se a febre persiste por mais de três dias, a infecção pode ter se transformado numa bronquiolite complicada.

 

Bronquiolite: diagnóstico, prevenção e tratamento

Boa parte dos casos da doença são diagnosticados já na análise clínica. No consultório, quando avalio necessário, realizo a oximetria do pulso para medir a saturação de oxigênio.

Apenas casos graves de bronquiolite exigem exames mais rigorosos como a radiografia do tórax e os testes para antígenos, para identificar qual vírus provocou a infecção.

Por ser uma doença provocada por agentes etiológicos de altíssima transmissibilidade, é muito difícil prevenir completamente a infecção. Uma medida preventiva a ser adotada é evitar locais fechados e aglomerados. Essa medida é especialmente importante para os grupos de crianças de alto risco: bebês prematuros, os menores de 3 meses e os com doenças pulmonares ou cardíacas.

Caso seu filho apresente os sinais e sintomas descritos aqui no texto, entre em contato com a pediatra. Irei analisá-lo e, caso seja identificada a bronquiolite, há uma série de cuidados a serem tomados que ajudam muito no combate à doença.

A primeira recomendação é manter o bebê em casa e em espaços livres de poeira. Ele deve ser frequentemente hidratado e, se ele já estiver com mais de seis meses e em fase de transição alimentar, reforço a recomendação de oferecer água entre as refeições.

Outra observação importante, especialmente aqui em Sete Lagoas, é manter o ar umidificado. O tempo na nossa região é seco, o que torna o ambiente mais agressivo para crianças com bronquiolite.

Ao colocar o bebê para dormir, apoie sua cabecinha em um travesseiro ou almofada mais alta. Isso ajuda na respiração. A mesma recomendação vale para os momentos da amamentação: prefira as posições com o bebê sentado ou em pé enquanto ele estiver apresentando dificuldade para respirar.

A bronquiolite normalmente melhora depois de um período de três a sete dias da manifestação dos sintomas. Mantenha a pediatra informada sobre a evolução dos sintomas e não perca as consultas de puericultura quando o bebê já estiver curado. Bebês que tiveram bronquiolite costumam manifestar outras doenças respiratórias na infância. Por isso o acompanhamento é tão necessário!