Tripledemia: o que é o fenômeno que está atingindo o Brasil e outros países?
Qualquer pessoa, independente da idade, sofre com os efeitos da mudança de clima. Adultos e crianças costumam manifestar sinais de infecções, especialmente nas vias aéreas superiores, quando o “tempo vira”. Neste ano, o Brasil está vivenciando uma tripla epidemia – que está sendo chamada de “tripledemia” -, em grande medida por causa das alterações incomuns e repentinas do tempo.
Aqui no site e nos meus posts no Instagram, volta e meia eu explico causas, formas de transmissão, sintomas, ações de prevenção e de tratamento das patologias das vias aéreas superiores. Sejam elas provocadas por agentes etiológicos, como a pneumonia infantil, ou por propensão a alergias, como a rinite alérgica, todas têm um elemento em comum: influências das condições climáticas nas pequenas e pequenos.
A tripledemia que estamos vivendo no Brasil e em outras nações do continente também carrega essa característica. Aqui no país, especificamente, estamos vivenciando uma primavera atípica. Passado o inverno a umidade subiu, como normalmente acontece, mas as temperaturas mantiveram-se baixas por quase toda a primeira metade da primavera. Esse clima incomum favoreceu a transmissão de alguns vírus respiratórios que encontraram crianças com imunidade menos “treinada”. Vamos falar deles na sequência deste texto.
![Transição alimentar](https://isabelapediatra.com/wp-content/uploads/2022/11/isabela_texto-31_tripledemia.jpg)
Quais são as epidemias que estamos enfrentando ao mesmo tempo?
Crianças que são mais suscetíveis à umidade e ao tempo frio sofrem com baixas imunológicas nessa primavera diferente que estamos enfrentando. Esse cenário favorece o espalhamento de vírus respiratórios antigos, como o Influenza e o vírus sincicial respiratório, conhecido pela sua sigla VSR.
O problema é que no Brasil, parece que o Sars-Cov-2, o vírus que provoca a Covid-19, veio realmente para ficar – e com intensidade. Aqui no país, a pandemia começa a ganhar características de endemia. Enquanto em várias outras nações o coronavírus já circula muito pouco, aqui no país estamos enfrentando uma nova onda da Covid-19 com aumento considerável nos diagnósticos e óbitos. Esse cenário, inclusive, levou as autoridades sanitárias a voltarem a exigir o uso de máscaras em aeroportos e aviões.
A própria pandemia é outro importante fator que explica a disseminação do Influenza e do VSR. Como as crianças ficaram isoladas por muito tempo, a contaminação natural por esses vírus não aconteceu. A partir do momento que elas passam a conviver entre si, seja nas escolas, seja em outros espaços, os vírus se alastram mais rapidamente.
Portanto, a tripledemia – as três epidemias simultâneas – que estamos enfrentando no Brasil são provocadas pelo Sars-Cov-2, o Influenza e o VSR. Majoritariamente eles causam duas doenças: a Covid-19 e a gripe, sendo que esta manifesta-se diferentemente conforme o agente etiológico. O VSR costuma provocar muitos casos de gripe em crianças, enquanto os adultos raramente sofrem com ele.
Tripledemia: como proteger as crianças de tantas doenças?
Não há melhor medida de prevenção contra a tripledemia do que as vacinas. A contra a gripe deve ser aplicada quando o bebê completar seis meses. Já a vacina contra Covid para crianças está autorizada desde dezembro do ano passado sendo que, ao longo de 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, liberou o uso das vacinas para crianças bem pequenas: a partir dos seis meses de idade.
Nunca é demais lembrar que a vacinação é uma estratégia de imunização coletiva. Sendo assim, enquanto tivermos pessoas sem o esquema vacinal completo ou sem todas as doses de reforço já disponíveis no calendário, os vírus vão circular com maior facilidade.
Além das vacinas, as máscaras devem voltar a ser usadas em ambientes fechados e aglomerados. O final de ano no Brasil é marcado por vários eventos, muitos deles por causa do calendário escolar: apresentações de fim de ano, formaturas… Caso eles aconteçam em auditórios fechados, é altamente recomendado que todos estejam de máscara.
Se sua pequena ou pequeno apresentar sintomas como coriza, dor de cabeça, nos olhos, obstrução nasal, espirros e dor de garganta, entre em contato com a pediatra. Com tantos vírus diferentes circulando, é importante que a criança seja devidamente analisada para que a correta patologia das vias aéreas superiores seja identificada.
A circulação dos vírus, especialmente do Influenza e do VSR, tende a diminuir com a aproximação do verão. Portanto, a epidemia de gripe infantil não deverá durar muito mais tempo. Já a Covid-19 continuará sendo uma ameaça enquanto os índices de vacinação não melhorarem no país. Portanto papais e mamães: não percam o calendário das vacinas! Elas estão disponíveis no Sistema Único de Saúde, o SUS, e estão sendo aplicadas nos postos de saúde. Se sua filha ou filho está com alguma vacina atrasada, leve-o ao posto de saúde o mais rápido possível! Essa é a melhor forma de protegê-lo contra a tripledemia!