Tripledemia: o que é o fenômeno que está atingindo o Brasil e outros países?

Qualquer pessoa, independente da idade, sofre com os efeitos da mudança de clima. Adultos e crianças costumam manifestar sinais de infecções, especialmente nas vias aéreas superiores, quando o “tempo vira”. Neste ano, o Brasil está vivenciando uma tripla epidemia – que está sendo chamada de “tripledemia” -, em grande medida por causa das alterações incomuns e repentinas do tempo.

Aqui no site e nos meus posts no Instagram, volta e meia eu explico causas, formas de transmissão, sintomas, ações de prevenção e de tratamento das patologias das vias aéreas superiores. Sejam elas provocadas por agentes etiológicos, como a pneumonia infantil, ou por propensão a alergias, como a rinite alérgica, todas têm um elemento em comum: influências das condições climáticas nas pequenas e pequenos.

A tripledemia que estamos vivendo no Brasil e em outras nações do continente também carrega essa característica. Aqui no país, especificamente, estamos vivenciando uma primavera atípica. Passado o inverno a umidade subiu, como normalmente acontece, mas as temperaturas mantiveram-se baixas por quase toda a primeira metade da primavera. Esse clima incomum favoreceu a transmissão de alguns vírus respiratórios que encontraram crianças com imunidade menos “treinada”. Vamos falar deles na sequência deste texto.

Transição alimentar

 

Quais são as epidemias que estamos enfrentando ao mesmo tempo?

Crianças que são mais suscetíveis à umidade e ao tempo frio sofrem com baixas imunológicas nessa primavera diferente que estamos enfrentando. Esse cenário favorece o espalhamento de vírus respiratórios antigos, como o Influenza e o vírus sincicial respiratório, conhecido pela sua sigla VSR.

O problema é que no Brasil, parece que o Sars-Cov-2, o vírus que provoca a Covid-19, veio realmente para ficar – e com intensidade. Aqui no país, a pandemia começa a ganhar características de endemia. Enquanto em várias outras nações o coronavírus já circula muito pouco, aqui no país estamos enfrentando uma nova onda da Covid-19 com aumento considerável nos diagnósticos e óbitos. Esse cenário, inclusive, levou as autoridades sanitárias a voltarem a exigir o uso de máscaras em aeroportos e aviões.

A própria pandemia é outro importante fator que explica a disseminação do Influenza e do VSR. Como as crianças ficaram isoladas por muito tempo, a contaminação natural por esses vírus não aconteceu. A partir do momento que elas passam a conviver entre si, seja nas escolas, seja em outros espaços, os vírus se alastram mais rapidamente.

Portanto, a tripledemia – as três epidemias simultâneas – que estamos enfrentando no Brasil são provocadas pelo Sars-Cov-2, o Influenza e o VSR. Majoritariamente eles causam duas doenças: a Covid-19 e a gripe, sendo que esta manifesta-se diferentemente conforme o agente etiológico. O VSR costuma provocar muitos casos de gripe em crianças, enquanto os adultos raramente sofrem com ele.

 

Tripledemia: como proteger as crianças de tantas doenças?

Não há melhor medida de prevenção contra a tripledemia do que as vacinas. A contra a gripe deve ser aplicada quando o bebê completar seis meses. Já a vacina contra Covid para crianças está autorizada desde dezembro do ano passado sendo que, ao longo de 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, liberou o uso das vacinas para crianças bem pequenas: a partir dos seis meses de idade.

Nunca é demais lembrar que a vacinação é uma estratégia de imunização coletiva. Sendo assim, enquanto tivermos pessoas sem o esquema vacinal completo ou sem todas as doses de reforço já disponíveis no calendário, os vírus vão circular com maior facilidade.

Além das vacinas, as máscaras devem voltar a ser usadas em ambientes fechados e aglomerados. O final de ano no Brasil é marcado por vários eventos, muitos deles por causa do calendário escolar: apresentações de fim de ano, formaturas… Caso eles aconteçam em auditórios fechados, é altamente recomendado que todos estejam de máscara.

Se sua pequena ou pequeno apresentar sintomas como coriza, dor de cabeça, nos olhos, obstrução nasal, espirros e dor de garganta, entre em contato com a pediatra. Com tantos vírus diferentes circulando, é importante que a criança seja devidamente analisada para que a correta patologia das vias aéreas superiores seja identificada.

A circulação dos vírus, especialmente do Influenza e do VSR, tende a diminuir com a aproximação do verão. Portanto, a epidemia de gripe infantil não deverá durar muito mais tempo. Já a Covid-19 continuará sendo uma ameaça enquanto os índices de vacinação não melhorarem no país. Portanto papais e mamães: não percam o calendário das vacinas! Elas estão disponíveis no Sistema Único de Saúde, o SUS, e estão sendo aplicadas nos postos de saúde. Se sua filha ou filho está com alguma vacina atrasada, leve-o ao posto de saúde o mais rápido possível! Essa é a melhor forma de protegê-lo contra a tripledemia!