Hábitos alimentares de crianças

No meu consultório, o assunto “alimentação” é bastante recorrente. Não seria para menos: saúde e alimentação estão diretamente relacionados. Uma boa alimentação exerce impacto positivo, às vezes imediato, no bem-estar físico e mental de qualquer pessoa. E para que uma saúde forte gere ganhos ao longo de toda a vida do indivíduo, precisamos começar bem cedo a desenvolver bons hábitos alimentares de crianças.

Alimentos saudáveis são uma poderosa arma para combater doenças, especialmente na primeira infância. Nunca é demais lembrar que o sistema imunológico de bebês é frágil, e vai se desenvolvendo à medida que suas células vão aprendendo a se defender das doenças. Para que todo o organismo do bebê cresça a ponto de se tornar uma criança saudável, com sistema imunológico robusto, será necessária uma alimentação equilibrada, com as quantidades adequadas de vitaminas e minerais.

Quando corretamente desenvolvidos, os hábitos alimentares de crianças transformam-se nos hábitos do adulto saudável. Este, muito provavelmente, irá sofrer menos com doenças decorrentes da má alimentação – especialmente as cardiovasculares, que eram as patologias que mais matavam no mundo até o surgimento da Covid-19.

Transição alimentar

 

Impactos negativos da má alimentação na infância

Já explicamos que o ferro, o cálcio, o zinco e as vitaminas C e D, dentre outros nutrientes, são fundamentais para o bom desenvolvimento do corpo das crianças. A falta de quantidades adequadas desses nutrientes pode exigir suplementação na alimentação infantil.

Por outro lado, o excesso de alguns nutrientes no corpo, como a glicose, podem criar as condições para o desenvolvimento de alterações graves, como a resistência insulínica, que pode acabar desaguando na síndrome metabólica infantil.

Em crianças, a má alimentação geralmente leva ao sobrepeso e à obesidade infantil. E essas condições, se perpetuadas por um bom tempo, podem levar a inflamações nos órgãos das crianças. Uma pesquisa recente da UFMG sinalizou para possíveis correlações entre o excesso de peso na infância, o processo inflamatório e o desenvolvimento de comorbidades – como a diabetes tipo 2 – em indivíduos adultos.

 

Hábitos alimentares de crianças: como eles devem ser estimulados

Hábito é uma maneira frequente – ou permanente – de se comportar, de fazer certas coisas. Em outras palavras, é a repetição de um determinado comportamento e a sua valorização – ou seja, o entendimento de que ele é bom – que o transforma num hábito.

Portanto é possível transformar num hábito o “comer de forma saudável”. Quanto mais cedo este ato começar a ser repetido, mais naturalmente ele se transformará num hábito.

Já expliquei aqui no site que os bebês desenvolvem-se ininterruptamente e de forma bastante acelerada. E a partir do sétimo mês de vida, eles ganham um novo elemento para despertar quase todos os seus sentidos: os alimentos.

Eles são estímulos para a visão, o olfato, o tato e o paladar das crianças. No momento em que um bebê entra em contato com um alimento diferente pela primeira vez, ele tem acesso a uma quantidade enorme de informações que vão, gradativamente, desenvolvendo sua cognição.

Ao tocar, experimentar e deglutir os alimentos, os bebês começam a assimilar melhor as cores, as texturas, os cheiros e os sabores. Todas essas sensações vão sendo entendidas pelo bebê, que as memoriza conforme ele vai repetindo o contato com os alimentos.

E ao repetir e, mesmo que de forma inconsciente, perceber que o alimento o sacia, dá prazer e sensação de bem-estar, o bebê passa a entender que alimento faz parte de uma rotina, de um hábito positivo.

Por outro lado, o bebê também pode se sentir saciado com alimentos não saudáveis. Por isso é tão importante que frutas, legumes, verduras, proteínas e carboidratos de boa qualidade façam parte da alimentação do bebê desde a fase de transição alimentar.

Permitir que crianças manipulem os alimentos, conversar com elas sobre a importância de comer bem e explicar que a energia e a capacidade de brincar vem de uma boa alimentação, ajuda a criança a compreender que sua saúde depende do bom hábito alimentar.

Para crianças muito pequenas, o que mais ajuda a transformar atos em hábitos é o exemplo. Se a criança vê seus pais e irmãos se alimentando de forma saudável, ela vai assimilar mais rapidamente que aquilo é um bom hábito.

Sempre vale lembrar que o sistema imunológico de uma criança evolui conforme a etapa anterior. Adolescentes saudáveis normalmente também foram crianças e bebês saudáveis. Portanto, papais e mamães: comecem hoje a investir na saúde do seu futuro filho adolescente. Não adie a introdução de bons hábitos alimentares de crianças!