Síndrome metabólica na infância

Um diagnóstico frequente nos pacientes adultos tem se tornado uma preocupação para pediatras: a síndrome metabólica. Trata-se de um conjunto de fatores que aumentam o risco da manifestação de diabetes, doenças cardíacas e AVCs. A síndrome metabólica na infância preocupa pelo fato das condições que geram tanto risco aparecerem em pacientes tão jovens.

Normalmente a síndrome metabólica está associada à resistência insulínica, uma resposta diminuída desse hormônio dada a sua concentração no organismo. Em outras palavras, o hormônio deixa de cumprir algumas de suas funções.

Das diversas funções que a insulina exerce no nosso corpo, uma das principais é a promoção da entrada de glicose nas células. Dessa forma, se um organismo tem resistência insulínica, ele terá mais dificuldade de absorver glicose para o interior das células.

Transição alimentar

 

Nesses casos, a glicose começa a se acumular no corpo, aumentando o tamanho do tecido adiposo – mais conhecido como gordura. E em pessoas sedentárias, esse acúmulo se torna ainda mais nocivo.

 

Causas, transmissão e sintomas

A resistência insulínica, condição mais comum para o desenvolvimento da síndrome metabólica, pode ser genética. Mas na maior parte dos casos essa resistência se deve ao excesso de gordura corporal. Como há uma grande concentração de glicose no organismo, o pâncreas produz ainda mais insulina. Mas mesmo em concentrações muito grandes, o hormônio não consegue cumprir sua função, já que a quantidade de glicose no corpo já extrapolou até os níveis de excesso.

Em outras palavras, geralmente a síndrome metabólica na infância está diretamente associada ao sedentarismo infantil e a uma alimentação ruim, normalmente rica em açúcares, sal e gorduras ruins.

A síndrome metabólica infantil não é uma patologia, e sim uma condição associada a um conjunto de fatores. Sendo assim, não é possível falar exatamente da transmissão da síndrome. Entretanto, crianças que descendem de pessoas com histórico de diabetes e doenças cardiovasculares possuem risco maior de desenvolver a síndrome metabólica na infância.

O principal sintoma ou característica de uma criança com síndrome metabólica é o sobrepeso ou obesidade infantil. Por causa dessa condição, o paciente pode manifestar outros sintomas como a hipertensão e até infartos ou acidentes vasculares cerebrais precoces. Crianças que apresentam síndrome metabólica na infância têm um risco cinco vezes maior de manifestar esses eventos cardiovasculares quando jovens ou adultos.

 

Síndrome metabólica na infância: diagnóstico, prevenção e tratamento

Para diagnosticar a síndrome metabólica na infância, a criança precisa apresentar pelo menos três dos seguintes critérios:

  • Aumento da adiposidade abdominal ou aumento da deposição de gordura abdominal
  • Aumento dos níveis da pressão arterial
  • Resistência insulínica ou diabetes já instalado
  • Alterações dos níveis de colesterol, principalmente quando o HDL está baixo e o triglicérides alto.

Nunca é demais lembrar que a simples manifestação dessas condições não garante que o paciente desenvolveu síndrome metabólica na infância. Por isso é tão importante visitar periodicamente a pediatra e não faltar às consultas de puericultura. São nelas que acompanhamos o aumento da deposição de gordura abdominal nas crianças.

Normalmente o diagnóstico é feito em crianças maiores de sete anos. Entretanto, se um paciente ainda mais jovem apresenta algum desses critérios, ela tem risco aumentado de desenvolver a síndrome metabólica na infância.

A prevenção é o melhor caminho para evitar a condição que causa a síndrome. A criança deve se alimentar adequadamente, ingerindo alimentos com baixo teor de sal e açúcares. Além disso, devem realizar atividades físicas de quatro a cinco vezes por semana.

Boa parte dos casos da síndrome metabólica na infância são tratados com a mudança no estilo de vida, tanto na alimentação quanto na prática de atividades físicas. Há casos em que essa mudança é difícil, levando mais tempo. Nessas situações, o acompanhamento de outros profissionais como psicólogo, nutricionista e educador físico são de grande valia!

Em casos mais graves da síndrome metabólica na infância, pode ser necessário o uso de medicamentos. A pediatra poderá receitar ômega 3, inibidores de apetite e estatinas, para melhorar os níveis de colesterol, e anti-hipertensivos e hipoglicemiantes – esses para combater os eventos cardiovasculares. Em muitas dessas ocasiões, a pediatra contará com o apoio de endocrinologistas e cardiologistas no acompanhamento do caso do paciente.

Nunca é demais lembrar que nenhum medicamento deve ser administrado antes de consultar a pediatra. A síndrome metabólica na infância pode ser tratada mas deve, principalmente, ser evitada. Portanto, papais e mamães: mantenham o acompanhamento regular com a pediatra, promovam um ambiente de alimentação saudável e estimulem em seus filhos a realização de atividades físicas!