Coqueluche

No mês passado recebemos a infeliz notícia que, após quatro anos, a coqueluche provocou a morte de uma pessoa em Minas Gerais. A doença, que estava controlada há anos, tem sido a causa de muitas consultas e internações neste ano. Em 2024, o número de casos em Minas Gerais multiplicou por quase 10, se comparados a 2023: saltou de 14 para, até agora, 121.

Em outros estados, a situação é ainda mais grave. No Paraná, por exemplo, o aumento de casos foi de mais de 2.500% de 2021 para cá. E as informações que vem de fora do Brasil indicam que a situação não está localizada apenas no nosso país. Pelo menos 17 países da Europa e a China registraram aumento significativo de casos de coqueluche.

Vários fatores colaboraram para que a situação chegasse a esse ponto. Aqui em Minas Gerais, há falta do reforço de vacinas, que devem ser aplicados em crianças de 15 meses e de quatro anos. Além disso, as consequências geradas pelo aquecimento global e suas mudanças climáticas também influenciam, uma vez que a coqueluche é uma doença respiratória que fica mais prevalente quando a qualidade do ar piora.

Transição alimentar

 

Causa, transmissão e sintomas

A coqueluche é uma patologia das vias aéreas inferiores, mais especificamente uma doença infecciosa aguda do trato inferior. Ela é causada por uma bactéria, a Bordetella Pertussis – um pequeno cocobacilo que vive nas nossas gargantas.

A coqueluche se manifesta quando a pessoa apresenta uma baixa imunológica. Na gigantesca maioria dos casos, a manifestação da doença acontece em pessoas não vacinadas; é a vacina que atua para desenvolver, no sistema imunológico das pessoas, a proteção contra a bactéria.

A coqueluche é uma doença mais  prevalente em crianças. Estima-se que quase 54% dos casos aconteçam em bebês de até seis meses e 61% dos casos nos de até um ano. Nos adultos e adolescentes os sintomas são mais brandos, mas eles atuam como transmissores da bactéria.

A Bordetella Pertussis, agente etiológico da coqueluche, é transmitida por meio do contato, do indivíduo saudável, com as secreções da pessoa contaminada – sejam elas saliva ou muco. Na maioria dos casos, a secreção é transmitida pelo ar na forma de micro gotículas de saliva contaminada.

A coqueluche é altamente contagiosa. Se uma criança doente convive diretamente com outras que não se vacinaram, as chances da doença ser transmitida é muito grande.

A patologia tem três fases e, em cada uma delas, manifestam-se os seguintes sintomas:

  • Sintomas da fase catarral, que dura de uma a duas semanas
    • Febre baixa
    •  Mal estar geral
    • Coriza
    • Tosse seca, que evolui para crises de tosse mais intensa

 

  • Sintomas da fase paroxística, que dura de duas a seis semanas
    • Normalmente sem febre ou com febre baixa, podendo acontecer vários picos no decorrer de um dia
    • Tosse forte e incontrolável, com crises súbitas e rápidas que podem provocar vômitos e dificuldade de respirar
    • Pode apresentar rosto avermelhado ou azulado

 

  • Sintomas da fase de convalescença, que pode durar até três meses
    • Tosse persistente e, em algumas situações, volta a ser forte e incontrolável
    • Em casos graves, a coqueluche evolui para um quadro de pneumonia infantil
    1. Coqueluche: diagnóstico, prevenção e tratamento

      O diagnóstico da coqueluche começa na análise clínica que a pediatra fará no consultório. Contudo, como é uma doença que tem sintomas muito semelhantes a várias patologias de vias aéreas inferiores e superiores, não é incomum que exames laboratoriais sejam solicitados pela pediatra. Nesses casos, normalmente é feito o teste de cultura com a secreção nasofaríngea, que é coletada pela técnica do swab nasal profundo.

      Nada previne mais a coqueluche do que a vacina – tanto que a queda da cobertura vacinal é apontada como um dos principais fatores do surto atual. Para imunizar as crianças, é aplicada a vacina pentavalente, ou DTP. Ela protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae. A pentavalente é aplicada em cinco doses, sendo a primeira em bebês de até dois meses e a última dose de reforço em crianças de quatro anos.

      Crianças diagnosticadas devem ficar isoladas, em repouso e manter hidratação frequente. A pediatra receitará antibióticos, mas nunca é demais lembrar que nenhum medicamento deve ser administrado sem consulta prévia.

      Não é incomum que crianças com coqueluche sejam internadas. Quando o quadro é grave, principalmente na fase paroxística, é normal que elas fiquem em quartos escuros para serem perturbadas o mínimo possível, uma vez que qualquer estímulo pode desencadear uma crise de tosse forte.

      Para mamães e papais, um importantíssimo recado: tenham sempre à mão a carteirinha de vacinação da sua filha ou filho e acompanhem o calendário do Plano Nacional de Imunização, o famoso calendário de vacinação. Vacinem seus filhos com todas as doses da vacina pentavalente, inclusive as de reforço – além, obviamente, de todas as outras vacinas. Não deixem de vacinar suas pequeninas e pequeninos, evitem que eles sejam infectados por doenças para as quais já existe proteção há muito tempo!Se sua filha ou filho apresentar os sintomas que descrevi neste texto, entre em contato que agilizaremos uma vinda à pediatra!