Vitamina D e seu uso na dieta infantil
Na Pediatria existe um antigo debate sobre a deficiência de vitamina D em crianças e adolescentes. Essa é uma complexa e controversa discussão no campo da nutrição infanto-juvenil e que, repetidamente, é trazida por mães e pais nos meus atendimentos.
O debate tem ganhado corpo diante do fato de que, dadas as mudanças climáticas e a consequente destruição da camada de ozônio, há um aumento da incidência da radiação ultravioleta (UV) quando estamos expostos ao sol – nunca é demais lembrar que a vitamina D tem, como principal forma de absorção, a exposição correta ao sol. E se há um aumento na incidência da radiação UV, cresce o risco de desenvolver doenças de pele.
Para tirar dúvidas de mamães e papais, decidi falar sobre vitamina D neste texto, abordando tanto a dimensão nutricional quanto a dimensão da exposição ao sol. Vamos lá?
O que ela é e como adquirimos?
No sentido estrito, o que muitas vezes é chamado de vitamina D na verdade é um pró-hormônio que, nos animais, deriva-se do colesterol. Em seres humanos o pró-hormônio é efetivamente sintetizado em vitamina D na nossa pele, quando esta entra em contato com radiação UV – ou seja, no momento que nos expomos ao sol.
Outra forma de adquirir vitamina D é por meio de alguns alimentos. Ela está muito presente em certas plantas e fungos – como o champignon, o shitake, o shimeji e o funghi – e em peixes como salmão, arenque, sardinha e atum.
Apesar de serem alimentos muito gostosos (😋), eles não possuem quantidade de vitamina D suficiente para qualquer indivíduo, inclusive as crianças estão na fase de transição alimentar.
“Se alimentos ricos em vitamina D não tem a quantidade suficiente do nutriente que minha filha ou filho precisa, então a saída é suplementação?”, perguntaria um pai ou mãe preocupado. Calma, calma… Vamos investigar mais a questão.
A deficiência de vitamina D é uma das hipovitaminoses mais prevalentes do mundo; portanto é uma questão de saúde que preocupa. Principalmente se lembrarmos da importância desse nutriente para a nossa saúde.
A principal função da vitamina D é a de atuar no metabolismo do cálcio, fundamental para o fortalecimento dos ossos. Estudos mais recentes sugerem que ela pode ter ações positivas na modulação risco de doenças cardíacas, neoplasias, esclerose múltipla, obesidade, asma e diabetes tipo 1. Em outras palavras, um nutriente importante demais para ficar sem.
E quando a deficiência é em crianças, o quadro é ainda mais preocupante, uma vez que, na infância, o devido metabolismo do cálcio é extremamente preponderante. Quem leu o texto que publiquei sobre deficiência de ferro em crianças vai se lembrar que uma criança cresce 25 cm no primeiro ano de vida, número que cai pela metade na fase entre 1 e 3 anos. Ou seja, os primeiros anos de vida são a fase na qual o indivíduo, proporcionalmente, mais cresce. É fundamental que o metabolismo do cálcio esteja super ajustado!
Vitamina D: quais procedimentos os cuidadores devem assumir
Tamanha a importância de mantermos adequados os níveis de vitamina D no corpo já assustou muita gente, inclusive da comunidade médica. Atualmente há consenso de que, em vários casos, é adequada a prescrição de suplementos com vitamina D.
Como já expliquei em diversos textos, bebês de até seis meses de idade, sempre que possível, devem ser exclusivamente amamentados. Se houver alguma necessidade de suplementação infantil, a pediatra irá prescrever – também por isso é tão importante que o calendário das consultas de puericultura seja cumprido, para que a pediatra possa acompanhar a evolução da criança.
Se for impossível evitar a exposição do recém-nascido ao sol, os cuidados com a pele do bebê devem ser observados: sempre usar medidas de fotoproteção recomendadas para cada faixa etária e evitar o sol no horário entre 10 e 16h. O mais adequado, entretanto, é evitar o banho de sol periódico, uma vez que a exposição solar aumenta o risco de doenças de pele.
Nunca é demais lembrar da importância de manter em dia as consultas de puericultura. A deficiência de vitamina D, em estágios iniciais, não gera sintomas evidentes nas crianças. Portanto é fundamental que a pediatra esteja em contato periódico com o paciente para que ela consiga, na análise clínica, observar os sinais que possam apontar para um quadro de hipovitaminose de vitamina D.