Deficiência de ferro em crianças

Quando tratamos de alimentação infantil, como em várias outras coisas da vida, o equilíbrio é fundamental. Aqui no site eu já expliquei que o excesso de alimentos, quando eles são de baixa qualidade, gera condições negativas para a criança, como a síndrome metábolica infantil. Contudo, a falta de determinados grupos de alimentos também pode provocar males. E um deles é a deficiência de ferro em crianças.

Dentre todas as deficiências alimentares infantis, a de falta de ferro é a mais comum. E ela não é popular apenas em crianças. Estima-se que metade da população do planeta tenha pelo menos uma pequena deficiência de ferro. Em metade desses casos – ou seja, em 25% da população mundial – essa deficiência de ferro é mais severa, podendo ser a causadora da anemia ferropriva.

Quando olhamos para alguns grupos populacionais, os números ficam ainda mais assustadores. A Organização Mundial da Saúde estima que 42% das crianças com menos de 5 anos têm anemia e 40% das mulheres grávidas também. A incidência da deficiência de ferro em grávidas é preocupante porque, nos primeiros 6 meses, a principal fonte de ferro dos bebês são as reservas acumuladas no período da gestação. Se esse nutriente já não está no corpo da mãe grávida, há muitas chances do recém-nascido desenvolver anemia.

Transição alimentar

 

Importância do ferro para o crescimento infantil

É natural reconhecer que crianças são o grupo populacional mais afetado pela deficiência de ferro. É na infância que o nosso corpo demanda mais esse nutriente.

Como expliquei no texto sobre suplementação alimentar infantil, o ferro está na composição da hemoglobina, uma proteína das células vermelhas do sangue que é responsável por transportar oxigênio por todo corpo.

Os primeiros anos de vida são uma fase na qual as crianças experimentam um crescimento muito rápido. Em média, no primeiro ano de vida, uma criança cresce 25cm. Esse número cai para metade na fase entre 1 e 3 anos. E, dos 3 até adolescência, uma criança cresce, em média, 5,5cm por ano.

Para uma criança crescer em velocidade tão grande, seu corpo precisará circular nutrientes muito rapidamente. E essa circulação de minerais e nutrientes é feita pelo sangue – que tem, entre seus principais componentes, o ferro.

A alta demanda por ferro é um dos principais fatores que explica porque a deficiência de ferro é tão comum em crianças. Mas ela não é a única explicação…

Estudos no Brasil têm mostrado que, apesar do desenvolvimento econômico e do aumento da oferta de alimentos experimentado entre 1970 e 2015, a deficiência de ferro em crianças e a anemia tem diminuído pouco. E a principal causa é a baixa qualidade da alimentação infantil.

Comer muito, na maioria dos casos, não significa comer bem. A grande oferta de alimentos que são anunciados como “práticos” e “rápidos” de preparar mascara uma informação importante: sua baixa qualidade, em termos nutricionais.

Alimentos industrializados geralmente têm alta concentração de sais e açúcares. Esses nutrientes, em excesso, provocam efeitos negativos no corpo das crianças, como a já citada síndrome metabólica infantil.

Ao mesmo tempo, esses alimentos não trazem boas quantidades de nutrientes muito importantes para o desenvolvimento infantil, como o ferro, o cálcio, o zinco e várias vitaminas.

 

Deficiência de ferro em crianças: o que ela provoca e como tratá-la?

Quando uma criança está com deficiência de ferro, o oxigênio circulará em menor quantidade e as células – especialmente as do cérebro, que é um órgão que precisa de muito oxigênio – não cumprirão suas funções normalmente. Sendo assim, uma deficiência severa de ferro pode afetar a capacidade cognitiva da criança, gerando dificuldades de concentração e aprendizado.

Além de afetar o cérebro, a falta de ferro provoca efeitos mais clássicos de problemas circulatórios: palidez, falta de ar, taquicardia…

Casos de deficiência de ferro acentuadas provocam anemia ferropriva. E casos graves de anemia podem exigir que o paciente faça transfusões sanguíneas. Felizmente esses quadros graves são raros. A maioria dos casos de anemia ou deficiência de ferro podem ser tratadas com readequação na dieta ou com a ajuda de suplementos alimentares.

O ferro é um nutriente muito presente nos vegetais de folha escura – couve, agrião, brócolis, espinafre -, no feijão, em cereais (especialmente a aveia) e em carnes de peixe, aves e principalmente, bovina. Sendo assim, a simples inserção diária desses alimentos na dieta infantil já ajuda a reduzir sensivelmente a deficiência de ferro.

Quando a melhora na alimentação não é suficiente para suprir as necessidades de ferro da criança, partimos para a suplementação alimentar.

Atualmente há vários suplementos de ferro para crianças de diversas idades. Em geral, eles variam na concentração do nutriente na composição do suplemento. Sendo assim, caso você suspeite que sua filha ou filho esteja com algum nível de deficiência de ferro, consulte a pediatra! Ela fará o devido diagnóstico do caso e recomendará a suplementação na concentração que sua pequena ou pequeno precisa!