Vacina contra a dengue
No primeiro semestre de 2024 a região de Sete Lagoas, assim como todo o estado de Minas Gerais, tem enfrentado um forte surto de dengue e chikungunya. Tanto que em março e abril publiquei textos sobre as doenças e destaquei que a vacina contra a dengue, disponível desde fevereiro, era a principal forma de prevenir a doença.
Logo nos primeiros dias de 2024 o Ministério da Saúde incorporou a vacina no Programa Nacional de Imunização, o PNI. Desde março de 2023 o imunizante está aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.
A vacina contra a dengue está disponível nos postos de saúde mineiros desde a virada de fevereiro para março. Na rede pública, a faixa etária convocada para a vacinação é de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. E em épocas de tanta fake news e discurso negacionista contra as vacinas, é importante a gente reforçar a importância das vacinas na proteção da saúde das crianças e da população como um todo.
Vacina contra a dengue para crianças e adolescentes: a importância da vacinação
Apesar de ser uma doença com uma pequena taxa de óbitos, a dengue gera sintomas pesados: febre alta, dores musculares, dores de cabeça e no fundo dos olhos. E em grande parte das vezes, as crianças e adolescentes são sintomáticos.
Quando pensamos sobre como está sendo o primeiro semestre de 2024, entendemos melhor como crianças e adolescentes estão vulneráveis. Dados de março mostram que um quarto dos casos de arboviroses ocorreram entre crianças e adolescentes. Só que crianças estão mais suscetíveis ao agravamento da doença, uma vez que seu sistema imunológico ainda está em formação. Tanto que, apesar de concentrar um quarto dos casos, quase 40% dos pacientes que precisaram de internação eram crianças ou adolescentes. Nos próximos meses, muitos desses podem ser evitados pela vacina.
Nunca é demais lembrar que a dengue pode evoluir para a sua forma hemorrágica mesmo em crianças e adolescentes. Quando uma pessoa é diagnosticada com dengue e começa a manifestar fortes dores abdominais, vômitos com sangue e manchas roxas na pele, como se fossem hematomas, seu caso de dengue pode ter evoluído para a forma hemorrágica – um quadro grave que exige cuidado médico imediato!
As características da vacina que está disponível
Como já dissemos, a Anvisa autorizou o uso de uma vacina no Brasil, a Qdenga – outra vacina que está sendo desenvolvida pelo Butantan buscará em 2024 seu registro definitivo na Anvisa.
A Qdenga é uma vacina de vírus atenuado, uma metodologia bastante tradicional no desenvolvimento de vacinas. Ela deve ser aplicada em duas doses, com um intervalo de 90 dias entre a primeira e a segunda. A Qdenga apresentou ter eficácia geral de mais de 80% contra a dengue, tendo resultados comprovados contra os quatro sorotipos do vírus.
Após tomada a segunda dose, o organismo leva algum tempo para gerar a resposta imune. Nesse período, é normal aparecerem efeitos colaterais leves da vacina: dor e vermelhidão no local da aplicação, mal-estar, fraqueza. Quando aparecem, eles costumam durar poucos dias. Entretanto, se eles persistirem, procure a pediatra e relate os sinais.
É sempre importante destacar que a Qdenga é segura e é a principal forma de prevenção contra a dengue! Ela foi recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Vale lembrar que, mesmo após tomadas as duas doses da vacina, as medidas de prevenção contra o mosquito devem seguir:
- Não deixar acumular água parada em locais como pratos de plantas, pneus e garrafas
- Lavar semanalmente os vasos de plantas com escova, água e sabão
- Jogar no lixo todo objeto que não é de seu uso e que pode acumular água
- Manter as caixas d’água fechadas, cobrir as lixeiras e sempre colocar o lixo em sacos plásticos
- Deixar sempre com a boca virada para baixo as garrafas que não serão jogadas fora
Até porque a vacina protege contra a dengue, mas o mosquito que a transmite também infecta pessoas com a chikungunya e a zyka.
E nunca é demais reforçar quão importantes são as vacinas para o desenvolvimento do sistema imunológico, especialmente de bebês, crianças e adolescentes – aproveito para fazer coro à carta à população brasileira da Sociedade Brasileira de Imunologia sobre a vacina contra Covid para crianças. Vacinas salvam vidas, muitas vidas! Pais e mães, não deixem seus filhos expostos: protejam-os com vacinas!