Transmissão fecal-oral

Gastroenterite infantil, síndrome mão-pé-boca, hepatite infantil… Esses são apenas alguns exemplos de doenças cujo método de contaminação principal é a transmissão fecal-oral. Evitar esse tipo de contaminação é proteger sua filha ou filho dessas e de várias outras patologias.

Na literatura médica, chamamos de rota fecal-oral a via de contaminação na qual os agentes etiológicos presentes em fezes alcançam a boca de um indivíduo saudável. Essa rota é responsável pela transmissão de dezenas de doenças que são provocadas por patógenos de diferentes tipos: vírus, bactérias, protozoários…

Existem algumas formas de reduzir a probabilidade de transmissão fecal-oral. Siga neste texto para entender detalhadamente como se dá essa transmissão e o que pode ser feito para evitá-la.

Transição alimentar

 

O que é?

A transmissão fecal-oral é uma rota de contaminação na qual fragmentos microscópicos de fezes contaminadas de um indivíduo alcançam a boca – ou via oral – de um indivíduo saudável. Ao ingerir esses fragmentos contaminados com o agente etiológico que causa uma determinada doença, o indivíduo saudável pode desenvolvê-la.

Há três tipos de transmissão fecal-oral: a direta, a indireta e a por aerossol.

A direta acontece quando uma criança acessa diretamente os fragmentos microscópicos das fezes contaminadas. Por exemplo: imaginemos que uma criança esteja infectada, use fraldas e conviva com outras, seja em casa ou na escola. Se tanto a pessoa que trocar sua fralda quanto a criança não passarem pela devida higienização após a troca, os fragmentos podem permanecer na pele de uma das duas. Se outra criança tocar na pele contaminada e levar a mão à boca ou mesmo levar diretamente a boca ao ponto da pele que está contaminado, pode acontecer a transmissão fecal-oral direta.

A indireta é a mais comum e acontece quando os fragmentos microscópicos de fezes contaminam algum alimento ou bebida. Normalmente isso ocorre por causa da má higienização, seja dos utensílios de cozinha ou das mãos e braços do indivíduo que prepara a comida. Os fragmentos microscópicos de fezes alcançam o alimento ou as bebidas e quem os ingere pode se infectar.

Outros tipos de transmissão indireta são por meio de um vetor, seja ele um biológico – quando, por exemplo, uma mosca toca fezes contaminadas e carrega os fragmentos para alimentos e bebidas – ou um vetor inanimado, como brinquedos.

A transmissão por aerossol é mais rara e normalmente ocorre em ambientes muito mal higienizados e de baixíssima circulação de ar. Exemplo: se uma pessoa que está infectada usa o vaso sanitário, dá descarga com a tampa do vaso aberta e outra pessoa entra no banheiro logo depois, ela pode inalar ou ingerir os fragmentos microscópicos de fezes presentes nas gotículas de água que ficaram no ar. Contudo, reforço que essa forma de transmissão é extremamente rara. 

 

Transmissão fecal-oral: como reduzir as chances desse tipo de contaminação?

A principal forma de evitar a contaminação pela rota fecal-oral e consequentemente reduzir as chances de infecção de diversas doenças é reforçando os hábitos de higiene pessoal. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), higienizar corretamente as mãos poderia reduzir drasticamente a quantidade de infecções: em até 40% das que geram patologias do trato intestinal e em até 23% das que geram patologias das vias aéreas superiores ou inferiores.

A própria OMS disponibiliza um guia rápido com orientações sobre como higienizar corretamente as mãos e um mais completo, específico para profissionais de saúde.

Como nunca é demais reforçar, vamos lembrar dos procedimentos: as mãos devem ser lavadas com água e sabão e esfregadas uma à outra por, pelo menos, 15 segundos. Higienizar as mãos é uma prática que deve ser feita recorrentemente sendo que, após urinar ou defecar e antes de realizar qualquer refeição, é uma prática necessária.

Antes do preparo da comida, além de lavar as mãos, é recomendado também lavar os antebraços, até a altura do cotovelo. Para preparar a comida, sempre usar utensílios que foram devidamente lavados com água e detergente.

Famílias que têm bichos de estimação devem tomar cuidados extras. Excrementos dos pets podem conter agentes etiológicos que provocam doenças em crianças. Portanto, além de ter atenção na remoção das fezes dos animais, tomar cuidado redobrado com a limpeza do local onde elas estavam.

Por fim, e não menos importante: higienizar muito bem os alimentos antes de prepará-los e sempre consumir água filtrada ou mineral.

Nas consultas de puericultura, alerto pais e mães frequentemente sobre esses cuidados. Caso sua filha ou filho apresente os sintomas de alguma patologia do trato intestinal – as mais comumente transmitidas pela rota fecal-oral – faça contato com a pediatra para marcarmos uma consulta!