Testes de triagem neonatal

Uma das funções mais importantes da pediatria é o diagnóstico precoce de doenças em bebês, crianças e adolescentes. Patologias diagnosticadas em fase pré-sintomática podem mudar completamente a história daquela doença e, consequentemente, do paciente. É por cumprirem uma função tão importante no diagnóstico precoce que falaremos, neste texto, sobre os testes de triagem neonatal, aqueles que são feitos pouco tempo depois que o bebê nasce.

Os testes de triagem neonatal são um esforço de ações preventivas de saúde. Por meio deles é possível diagnosticar doenças que podem se manifestar na infância ou na fase adulta. No caso de algumas patologias, o diagnóstico precoce possibilita instituir o tratamento no tempo adequado, diminuindo e até eliminando as sequelas associadas a cada doença.

O Sistema Único de Saúde (SUS) estabeleceu, em 1992, o teste do pezinho como o exame geral de triagem neonatal. De lá para cá, os sistemas públicos de saúde – sejam no nível federal, estadual ou municipal – ampliaram e aperfeiçoaram os testes de triagem neonatal. Em 2001 foi instituído o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), que dá direito, a todo bebê nascido no país, a realização dos quatro exames de triagem neonatal.

Transição alimentar

 

Além do teste do pezinho, os outros três exames do PNTN e que são muito importantes para diagnosticar precocemente patologias que podem se desenvolver na fase adulta são: o teste da orelhinha, o teste do olhinho e o teste do coraçãozinho.

Testes de triagem neonatal: como são realizados

O teste do pezinho é o exame de triagem neonatal mais antigo e conhecido. Ele é realizado entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê. No procedimento, algumas gotículas de sangue são coletadas a partir do calcanhar, que é uma região bastante irrigada no recém-nascido. O teste é muito pouco invasivo e rápido de ser feito.

O teste da orelhinha, também muito tradicional, é realizado no segundo ou terceiro dia de vida do bebê. O exame é feito com o bebê adormecido. Consiste em introduzir delicadamente uma pequena sonda na orelhinha do recém-nascido. Um aparelho posicionado muito próximo à orelhinha emite um estímulo sonoro que é captado pela sonda. Em até 10 minutos o médico já está com o resultado do teste, que pode servir para encaminhar o bebê para um exame mais detalhado.

No teste do olhinho, a médica ou o médico usa um aparelho que direciona uma luz diretamente sobre os olhos do bebê. A partir da cor do reflexo dessa luz, no olho do bebê, o pediatra identifica se há alguma anomalia na sua estrutura. O exame não é invasivo, é indolor e deve ser feito na primeira semana de vida do recém-nascido. 

Já o teste do coraçãozinho, o último dos testes de triagem neonatal, deve ser feito no segundo dia de vida do bebê. O exame verifica como está a adaptação do recém-nascido fora do útero materno. No procedimento checa-se se as mãos e pés do bebê estão bem aquecidos e coloca-se um aparelho, em forma de pulseira, no seu braço direito. Trata-se de um oxímetro, que mede a quantidade de oxigênio no sangue. 

 

A importância dos testes de triagem neonatal

O teste do pezinho, em sua versão básica, é realizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde desde 1992. Em 2021 o Governo Federal instituiu a Lei 14.154 que determina a realização do teste do pezinho ampliado a partir de junho de 2022.

Por meio do teste do pezinho é possível fazer o diagnóstico precoce de patologias metabólicas, genéticas e infecciosas. A versão ampliada do teste do pezinho possibilita diagnosticar a anemia falciforme, a deficiência de biotinidase, a deficiência de G6PD, a fenilcetonúria, a fibrose cística, a galactosemia e a hiperplasia adrenal, o hipotireodismo e a toxoplasmose congênitas.

O teste da orelhinha mede a capacidade auditiva do recém-nascido buscando diagnosticar precocemente qualquer deficiência auditiva. Caso o exame do paciente apresente alguma alteração, a pediatra encaminhará o bebê para exames complementares. Estes indicarão o nível de surdez do recém-nascido e já indicarão o tratamento a ser feito desde pequeno. Nunca é demais lembrar que a audição é um sentido fundamental para o desenvolvimento da cognição, especialmente nos primeiros anos de vida da criança. 

Aqui no texto expliquei que é por meio do teste do olhinho que verificamos a estrutura do olho do recém-nascido. Pelo exame conseguimos identificar alterações entre a córnea e a retina do recém nascido, como  catarata congênita, hemorragias e retinoblastoma.

Já o teste do coraçãozinho identifica se o recém-nascido está com hipoxemia, que é o baixo nível de oxigênio no sangue. Essa condição do bebê pode sinalizar algumas patologias ou má formações, como defeitos do septo atrial ou ventricular, a transposição de grandes artérias ou a tetralogia de Fallot.

Os testes de triagem neonatal são fundamentais para conhecer o estado do bebê nos primeiros dias de vida. Alguns deles, como o teste da orelhinha e o do olhinho, podem ser repetidos após o primeiro mês de vida. Esse é mais um dos motivos da importância das consultas de puericultura: é por meio dela que a pediatra irá checar se a criança precisa de exames complementares ou se ela está se desenvolvendo adequadamente.

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