Teste do olhinho

Você que me segue no Instagram ou acompanha os textos daqui do site já me viu falar algumas vezes sobre os exames de triagem neonatal. O texto de hoje é sobre um deles, o teste do olhinho – um exame fundamental para verificar se o recém-nascido tem alguma alteração na estrutura do seu olho.

Assim como o teste do pezinho, da orelhinha e do coraçãozinho, o teste do olhinho também faz parte do Programa Nacional de Triagem Neonatal, o PNTN. Por meio dele, todo bebê que nasce no país tem o direito de fazer, gratuitamente, os quatro exames de triagem neonatal. Todos eles estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

Nunca é demais lembrar da importância do teste do olhinho e dos demais exames de triagem neonatal. É graças a eles que pediatras conseguem fazer o diagnóstico precoce de diversas doenças. E patologias diagnosticadas em fase pré-sintomática podem mudar completamente a história daquela doença e, consequentemente, do paciente.

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O que é e para que serve?

O popularmente conhecido teste do olhinho chama-se teste do reflexo vermelho, o TRV. Ele tem esse nome porque consiste em verificar o aparecimento de um “reflexo vermelho” nas pupilas do recém-nascido ao receber a luz projetada pelo equipamento do exame, o oftalmoscópio direto.

Coloquei o termo reflexo vermelho entre aspas porque há variações na cor do reflexo que não indicam anormalidade.

O aparecimento do “reflexo vermelho” indica que a vasculatura da retina, da coróide e do epitélio pigmentário estão saudáveis. Se a cor do reflexo não for exatamente vermelha – ela variar de um vermelho mais forte, passando por um alaranjado e chegando até a um tom amarelado -, isso não necessariamente aponta para uma patologia. As variações de cor do reflexo podem indicar variações na pigmentação do epitélio, que é a estrutura do olho que dá cor à retina.

O teste do olhinho é extremamente útil para mapear sinais de diversas doenças. Ele ajuda a diagnosticar retinoblastoma, leucoma, descolamento da retina, catarata e hemorragias retinianas , dentre outras patologias.

 

Teste do olhinho: procedimentos

É bastante recomendável que o exame seja feito ainda na maternidade, nos primeiros sete dias de vida do recém-nascido. Caso não seja possível a execução do teste, é fundamental que ele seja realizado antes do bebê completar seu primeiro mês de vida.

O teste do reflexo vermelho é feito em ambiente escuro. Pediatra ou oftalmologista, a uma distância entre 50cm e 1m do bebê, usarão o oftalmoscópio direto para iluminar as pupilas do recém-nascido.

Por meio do orifício do próprio equipamento, a médica ou o médico verificarão a existência do reflexo da luz nos dois olhos do bebê. O resultado inicial pode ser:

  • Presente: quando o reflexo vermelho é identificado nos dois olhos
  • Ausente: quando o reflexo vermelho não é identificado nos dois olhos ou quando nenhum reflexo é identificado nos dois olhos
  • Duvidoso: quando há resultados diferentes em cada olho

Quando o resultado do teste do olhinho é “ausente” ou “duvidoso”, o recém-nascido é encaminhado para um ou vários exames oftalmológicos mais completos: geralmente a biomicroscopia, a retinoscopia e o mapeamento de retina.

Na gigantesca maioria dos casos, para a realização do exame, não é necessário utilizar nenhum medicamento, como um colírio, para dilatar a pupila. Nas raras situações que o colírio é usado, normalmente é quando a médica ou médico suspeitam de alguma anormalidade e avaliam importante repetir o teste, uma vez que a pupila dilatada facilita a observação das estruturas oculares.

Apesar de ser extremamente importante para diagnosticar precocemente diversas doenças, o teste do olhinho não substitui o exame oftalmológico infantil, que deve ser realizado no primeiro ano  de vida da criança.

Crianças que não falham nas consultas de puericultura correm menos risco de desenvolver doenças oculares. Isso porque, nas consultas, repito o teste do olhinho sempre que acho necessário.

Nunca é demais lembrar que o teste do reflexo vermelho deve ser feito em todos os recém-nascidos. Isso inclui os bebês prematuros, que devem passar pelo procedimento assim que estiverem liberados dos cuidados iniciais mais severos que o prematuro exige.

Assim como os outros exames de triagem neonatal, o teste do olhinho é determinante para o bom desenvolvimento da saúde do indivíduo, da infância à vida adulta. Portanto, além de realizá-lo, não deixe de levá-lo às consultas de puericultura e relate à pediatra qualquer suspeita de alteração visual. Além de repetir o teste do reflexo vermelho, avaliarei a necessidade de exames mais rigorosos e o encaminhamento ao oftalmologista.