Sono do bebê
Toda mamãe e papai de primeira viagem ouviu, antes da chegada da primeira filha ou filho, um conselho de pais mais experientes: “antes do bebê nascer, aproveite para dormir”. Sim, privação do sono é um dos maiores desafios que mães e pais enfrentam nos primeiros meses da criança. Portanto, neste texto, vou falar do sono do bebê e tentar explicar o que mamães e papais podem fazer para tornar essa fase menos complexa.
Para todas as crianças e adolescentes, a rotina de sono está diretamente ligada com a alimentação. Só que essa ligação é ainda mais evidente na fase de amamentação exclusiva, que são os primeiros seis meses de vida da criança. Nesse período, o sono do bebê será propositalmente interrompido para o bebê amamentar.
Contudo, durante boa parte do tempo que não estiver mamando, o recém-nascido estará dormindo. A partir de 3 meses até o final do primeiro ano de vida, a criança deve dormir entre 12 e 16 horas, todos os dias! Considerando que cada mamada demora, em média, 30 minutos, nos primeiros seis meses de vida um recém-nascido geralmente passará em torno de 4h do seu dia mamando, de 12 a 16h dormindo, o que faz sobrar apenas 4 a 8h para todas as outras (poucas) atividades: arrotar, tomar banho e trocar fraldas.
Sono do bebê: entendendo a importância
O sono é essencial para o crescimento de crianças e adolescentes. Como já expliquei no texto sobre a rotina durante a transição alimentar, é durante o sono que é liberado o famoso GH, o hormônio do crescimento – conhecido assim por ser a sigla do seu nome em inglês, growth hormone. Os picos de liberação do GH acontecem durante o sono profundo. Portanto, se a criança tem hora para dormir e dorme por muitas horas, ela tende a crescer mais.
Além da quantidade e frequência da liberação do hormônio do crescimento, há peculiaridades de recém-nascidos que influenciam nas orientações que passo sobre o sono.
Nos primeiros dois a três meses de vida, o bebê não sabe diferenciar o dia da noite. Como sua cognição é praticamente inexistente, um recém-nascido não consegue conceder sentido aos estímulos externos, inclusive à luz do dia. Dessa forma, o bebê é regulado principalmente pelo que acontece dentro do seu corpo: a velocidade do fluxo sanguíneo e da respiração, a capacidade de digerir o leite materno, etc. Todas essas funções biológicas possuem ciclos curtos e são eles que ditam o ritmo do despertar do recém-nascido. Por isso é comum que nos primeiros três meses de vida, os episódios de sono do bebê durem de 40 a 60 minutos.
Com aproximadamente quatro meses, o bebê já consegue, vagamente, diferenciar o dia da noite. É nessa fase que, gradualmente, começa a consolidar-se episódios mais longos de sono noturno e, consequentemente, um período maior com o bebê desperto durante o dia.
Recém-nascidos necessitam de muito sono para que desenvolvam suas funções neurológicas e cognitivas. É durante o sono que nosso cérebro fixa o que os sentidos captaram – sons, cheiros, sabores e imagens – para formar nossas memórias e, posteriormente, conceder sentido a elas.
O que posso fazer para favorecer o sono da minha filha ou filho?
Mamães e papais podem tomar várias medidas para que os episódios de sono do seu bebê sejam os mais saudáveis possível. A primeira atitude é esforçar-se para desenvolver uma rotina. Uma ótima dica é tentar dar um banho morno e relaxante sempre no mesmo horário.
Completados seis meses de vida, o bebê começará a experimentar ciclos mais longos de sono noturno – é muito importante que o sono da noite inicie-se sempre no mesmo horário. Esse hábito, inclusive, deve ser mantido ao longo de toda infância e praticamente toda a adolescência.
Além da rotina de horários, é importante observar também os ambientes no qual o bebê dorme e no qual ele passa tempo antes da soneca. É fundamental evitar contato do recém-nascido com telas, especialmente nos momentos anteriores ao início da soneca. Luzes e sons podem atrasar a sonolência do bebê e impactar negativamente a qualidade do seu sono.
A luminosidade e intensidade do ruído devem ser observados no cômodo onde o bebê dorme. Mesmo ele não distinguindo o dia da noite nos primeiros três meses, é importante que o recém-nascido durma em ambiente de luz branda. Em outras palavras, o quarto não deve estar muito escuro nem completamente claro. Além disso, evite que qualquer tipo de ruído mais alto – música ou os “barulhos da casa” – soem próximos ao cômodo onde a criança está dormindo. Com um sono tranquilo, o bebê entra mais rapidamente no sono profundo, que é o momento em que o cérebro trabalha mais para desenvolver a cognição.
Nas consultas de puericultura, oriento papais e mamães sobre como proceder para uma boa higiene do sono do bebê, principalmente nos primeiros seis meses de vida. Se você está percebendo algum comportamento diferente da sua filha ou filho durante o sono, faça contato e agende sua consulta. Distúrbios do sono podem ser provocados por diversos fatores. Se rapidamente diagnosticados e tratados, é rápida a recondução da criança para sua rotina mais saudável de sono.