Síndrome mão-pé-boca
Com a situação da pandemia da Covid melhorando no país, algumas práticas que assumimos ao longo desse período começam a ficar mais raras. O distanciamento social e a frequente higienização das mãos vão diminuindo. O contato físico, muito costumeiro entre os brasileiros, volta a ficar mais frequente. Esse contato, associado a uma menor higienização das mãos, traz a possibilidade de transmissão de uma patologia muito comum entre as pequeninas e os pequeninos: a síndrome mão-pé-boca.
Provocada pelo vírus Coxsackie, que normalmente habita o sistema digestivo, a síndrome mão-pé-boca pode atacar crianças e adultos. Contudo, ela é mais frequente em indivíduos de até 5 anos.
A patologia tem esse nome devido a uma das principais manifestações da infecção: o surgimento de pequenas bolhas – que podem se transformar em lesões – nas mãos, nos pés e na boca da pessoa contaminada.
Causas, transmissão e sintomas
O vírus Coxsackie é o causador da síndrome mão-pé-boca. Ele é do gênero Enterovírus, uma classificação que reúne outros vírus perigosos, como os que provocam a poliomielite, a meningite e a encefalite.
O Coxsackie, como os outros Enterovírus, habitam e normalmente se replicam no trato gastrointestinal, apesar dos seus sintomas se manifestarem em outras partes do corpo.
Da mesma forma que acontece com outras patologias do trato gastrointestinal, como a gastroenterite infantil, a forma mais comum de transmissão da síndrome mão-pé-boca é a fecal-oral. Nesses casos, fragmentos microscópicos de fezes infectadas entram em contato com alguma superfície ou objeto no qual a criança põe a boca. São vários os cenários possíveis nos quais a infecção pode ocorrer.
Imagine que uma criança infectada convive com outras crianças, seja em casa ou na escola. Se ao usar o banheiro ou ter sua fralda trocada por um adulto, tanto a criança quanto o adulto não se higienizarem adequadamente, esses fragmentos microscópicos de fezes contaminadas podem ficar na roupa ou na pele de um dos dois. Se ocorrer o contato da superfície contaminada com outro objeto, como um brinquedo, e ele for levado à boca por outra criança, é grande o risco dela se contaminar.
Por isso, tão importante quanto lavar bem os alimentos e os utensílios usados no seu preparo, é a devida higienização das mãos – especialmente após trocar o bebê.
Geralmente quando a infecção acontece, os sintomas demoram de um a sete dias para aparecerem. Além das pequenas bolhas que aparecem nas mãos, nos pés e na boca, são também sintomas da síndrome mão-pé-boca:
- Febre alta, normalmente nos dias que antecedem o aparecimento das bolhas.
Mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarréia. - Amigdalite.
- Surgimento de estomatites – uma espécie de afta – na boca, amígdalas e faringe; elas podem evoluir para úlceras bem dolorosas.
- Por causa da dor provocada pelas úlceras e pela amigdalite, a criança pode manifestar dificuldade de deglutição e muita salivação.
Síndrome mão-pé-boca: diagnóstico, prevenção e tratamento
Como os sintomas da doença são muito semelhantes aos de outras patologias do trato gastrointestinal e da pele, é muito importante levar a criança à pediatra. Na maioria dos casos, o exame clínico já possibilita o diagnóstico da doença. Em casos mais difíceis, a pediatra solicitará exames adicionais.
Como não há vacina contra a síndrome mão-pé-boca, a melhor forma de prevenir a infecção é sendo rigoroso com a higienização e armazenamento de alimentos, cuidadoso na limpeza de utensílios de cozinha e higienizando adequadamente as mãos e braços, especialmente de quem é responsável pelo preparo da comida e pela limpeza dos bebês.
A síndrome mão-pé-boca, como outras infecções virais da infância, tende a naturalmente regredir. Dessa forma, a pediatra recomendará um tratamento para combater os sintomas: repouso, boa alimentação e muita hidratação na medida do possível, já que normalmente a criança terá dificuldade de engolir. Em casos mais severos, a pediatra poderá recomendar antitérmicos e anti-inflamatórios. Mas mamães e papais, lembrem-se sempre: nunca administrem medicamentos na sua filha ou filho antes de consultar a pediatra.
Desde o final de 2021 têm sido notificados surtos da síndrome mão-pé-boca em diversas localidades do país, como no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no interior de São Paulo. Portanto, se você observar os sintomas da doença, entre em contato com a pediatra.