Chikungunya

No último texto do site, falamos como a dengue se transformou num grave problema de saúde pública neste início de ano e como Minas Gerais virou campeã de casos. Só que outra arbovirose, muito parecida com a dengue, infelizmente tornou Sete Lagoas uma das campeãs entre as campeãs: a chikungunya.

Se no caso da dengue Minas Gerais concentra um terço dos casos, os números de chikungunya são mais alarmantes: 70% dos casos do Brasil estão no estado, tendo Sete Lagoas como a segunda cidade com maior número de casos – perde só para Ipatinga. De acordo com o Painel de Monitoramento de Casos de Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, até meados de março a regional de saúde de Sete Lagoas já tinha confirmado quase 8 mil casos de chikungunya e investigava outros 10 mil. Além disso, nossa região já tem 8 mortes confirmadas pela doença.

Crianças e adolescentes não estão imunes à chikungunya e às demais arboviroses. Os números de casos neste segmento da população também preocupa. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, quase um quarto dos casos de arboviroses estão entre crianças e adolescentes. Para cuidar das pequenas e pequenos, vamos entender um pouco mais sobre a chikungunya neste texto.

Transição alimentar

 

Causa, transmissão e sintomas

Assim como a dengue, a chikungunya é uma arbovirose. Nas Américas, o transmissor também é a fêmea do mosquito Aedes Aegypti que transmite o vírus ao picar uma pessoa infectada e transportar o sangue contaminado para outra pessoa.

Entretanto, para recém-nascidos, há um outro risco de transmissão: a vertical, que é aquela que acontece da mãe para o bebê, seja na gestação ou no parto. A taxa desse tipo de transmissão é alta: aproximadamente 50% das mães transmitem chikungunya para seus filhos no período próximo ao parto. E infelizmente as consequências podem ser severas.

Recém-nascidos infectados com o vírus da chikungunya podem desenvolver complicações neurológicas – como meningoencefalite, edema cerebral, convulsões – e cardíacas, como a miocardiopatia hipertrófica. São consequências graves que podem comprometer o desenvolvimento do indivíduo ao longo de toda a vida.

Em crianças maiores de dois anos e adolescentes, os sintomas são muito parecidos com os que se manifestam em adultos: febre alta e repentina, dores intensas nas articulações e os outros sintomas também comuns na dengue: manchas vermelhas pelo corpo, dor de cabeça, dor atrás dos olhos. Nas crianças e adolescentes, observa-se que a dor nas articulações passa mais rápido se comparado aos adultos.

Chikungunya: diagnóstico, prevenção e tratamento

Diagnosticamos chikungunya da mesma forma que fazemos com a dengue: começamos com a anamnese – diálogo entre profissional de saúde e paciente para lembrar de situações e fatos que podem estar relacionados a doença -, analisamos o quadro epidemiológico local e o histórico do paciente. Daí realizamos o exame clínico.

Exames laboratoriais de sangue são importantes quando há a epidemia de mais de uma arbovirose. Para detectar a chikungunya, os exames laboratoriais buscam identificar a existência de material genético do vírus e a manifestação de anticorpos

Diferente da dengue, ainda não há vacina contra a chikungunya. Portanto, as medidas de prevenção são contra o mosquito:

  • Usar repelente infantil nas crianças
  • Não deixar acumular água parada em locais como pratos de plantas, pneus e garrafas
  • Lavar semanalmente os vasos de plantas com escova, água e sabão
  • Jogar no lixo todo objeto que não é de seu uso e que pode acumular água
  • Manter as caixas d’água fechadas, as lixeiras cobertas e sempre colocar o lixo em sacos plásticos
  • Manter com as bocas viradas para baixo as garrafas que não serão jogadas fora

Gestantes devem tomar cuidados extras: usar repelente com frequência e dormir protegidas com o véu mosquiteiro. Essa recomendação também vale para bebês de até dois anos. Se for possível, instalar a tela mosquiteira nas janelas previne contra o mosquito.

Não há medicamentos que combatam o vírus no corpo das crianças e adolescentes. Em casos confirmados de chikungunya, as recomendações são as mesmas para os casos de dengue: repouso e muita hidratação! O soro de reidratação oral  pode ser administrado nas crianças. Medicamentos como analgésicos e antitérmicos, que aliviam os sintomas, podem ser utilizados desde que a pediatra tenha prescrito – não dê nenhum medicamento à sua filha ou filho sem antes consultar a pediatra.

Em crianças, normalmente a chikungunya termina na fase um, conhecida como fase febril ou aguda. Ela pode durar de cinco a 14 dias. Raros são os casos nos quais a doença evolui para a segunda fase, chamada de pós-aguda, ou a crônica, a terceira fase. Mas diagnosticada a doença na sua filha ou filho, mantenha observação atenta por pelo menos 30 dias e contate a pediatra em caso de qualquer novo sintoma.