Asma em crianças
O tempo frio está de volta e com ele as doenças das vias aéreas, tanto superiores quanto inferiores. É nessa época de temperaturas mais baixas que manifestam-se com maior frequência os sintomas da asma em crianças, uma doença extremamente comum no Brasil e no mundo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a asma é a patologia não transmissível mais prevalente no mundo e é a doença crônica mais comum entre crianças. Estima-se que quase 300 milhões de pessoas no mundo sejam asmáticos.
No Brasil, a patologia também é bastante comum. A estimativa do Ministério da Saúde é de que mais de 20% da população brasileira sofra com algum nível de asma. Esse percentual repete-se nas crianças: de acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), aproximadamente 20% das crianças do país sofrem de asma.
Apesar do número de casos ser impressionante, a asma é uma doença que raramente coloca o paciente numa condição muito grave. Tanto que menos de 0,2% dos portadores de asma perdem a vida devido à doença.
Causas e sintomas
A asma é caracterizada pelo estreitamento dos brônquios, aquelas estruturas que se originam no final da traquéia e vão se ramificando até chegar em ramos bem finos, os bronquíolos. Quem leu o texto sobre bronquiolite sabe bem do que eu estou falando!
Esse estreitamento é causado pelo inchaço das paredes internas dos brônquios e pelo espasmo da musculatura dos mesmos. Ele acontece, normalmente, por causa de uma inflamação dessas estruturas. Na maioria dos casos, ela é uma condição alérgica que normalmente é desencadeada por fatores ambientais. As crises também podem ser desencadeadas por infecções, principalmente as virais.
A exposição a substâncias que irritam as vias aéreas – poeira, mofo, pólen, pêlos de animais, fumaça (especialmente de cigarro), gases e cheiros fortes como o de tinta, produtos de limpeza e perfume – são os principais desencadeadores de uma crise asmática. Além da exposição às substâncias, outro fator que recorrentemente dispara uma crise asmática é a mudança de temperatura. E as crises vão se manifestar ainda mais fácil e rapidamente em crianças que possuem histórico familiar de asma ou de rinite alérgica.
Os sintomas mais comuns da doença são:
- Dificuldade para respirar
- Tosse frequente e prolongada, geralmente à noite
- Chiado
- Cansaço
- Sensação de aperto no peito
Asma em crianças: diagnóstico, prevenção e tratamento
Diagnosticamos a asma em crianças com um exame clínico e análise do histórico familiar do paciente. Muito por isso, as consultas de puericultura são tão importantes: já nos primeiros sinais de uma doença de vias aéreas, começo a monitorar o paciente.
Em alguns casos, para confirmar o diagnóstico, pode ser necessário exames complementares como espirometria, pletismografia e radiografia de tórax. Para os casos de asma com origem alérgica, podem ser necessários exames de dosagem de IGEs específicas, para facilitar a identificação dos principais alérgenos. Assim os pais da criança ficam mais atentos à exposição a determinadas substâncias que desencadeariam uma crise asmática na sua filha ou filho.
Evitar a formação do ambiente propício ao acúmulo das substâncias que causam a asma em crianças é a principal medida de prevenção à doença. Os ambientes nos quais a pequena ou pequeno vive devem ser arejados e ensolarados. Deve-se evitar o uso de carpetes, tapetes, forrações e bichos de pelúcia. Roupas, mantas e cobertores de lãs também devem ser evitados.
A higiene dos pisos e superfícies deve ser feita com pano úmido, evitando vassouras e espanadores, uma vez que elas levantam poeira. As roupas de cama e banho devem ser lavadas com água quente e os colchões e travesseiros devem ser aspirados com grande frequência – se possível, semanalmente.
A asma não tem cura, mas tem tratamento. E com o devido acompanhamento da pediatra e da família, a criança pode ter uma vida completamente normal… e extraordinária 🎉! Pode ser campeã mundial e olímpica 🥇 de natação – sim, esse esporte que demanda bastante da nossa capacidade aeróbica 🏊🏽! O maior campeão de natação da história do Brasil, o César Cielo, é asmático!
É difícil falar de asma em crianças sem mencionar as icônicas “bombinhas” – nome pelo qual ficaram conhecidos os inaladores. São dispositivos que armazenam os remédios para asmáticos – normalmente broncodilatadores ou corticóides inalatórios.
Apesar de atualmente existirem outras formas de administrar esses medicamentos, os inaladores ficaram consagrados como tratamentos para a asma – eles ainda são usados em alguns casos. Mas nunca é demais lembrar que, independente da forma de administração, nenhum medicamento deve ser consumido pela criança sem prévia consulta à pediatra.
Como eu disse no início do texto, apesar de muito prevalente, raramente a asma avança para quadros graves. E muitas crianças e adolescentes que manifestam a doença desenvolvem uma vida completamente normal. Portanto mamães e papais, nada de desespero. Se sua filha ou filho apresentar os sintomas da asma, traga-o ao consultório que o examinaremos e prescreveremos o tratamento mais adequado.