Escarlatina
Nas últimas semanas, o noticiário sobre saúde pública foi ocupado por matérias sobre um surto de escarlatina aqui em Minas Gerais. Casos em Lavras, Divinópolis, Teófilo Otoni e em Belo Horizonte já foram diagnosticados. Na capital, aconteceu um aumento de casos de mais de 120% em comparação ao ano passado.
Esse surto aqui no estado ligou o alerta de profissionais de saúde, pais e educadores, uma vez que a escarlatina é uma doença que normalmente se manifesta em crianças em idade escolar.
Dado esse contexto de saúde pública infantil que estamos enfrentando, achei oportuno falar da escarlatina neste texto. Assim, profissionais de saúde, pais e educadores podem se preparar melhor para enfrentar a doença, caso ela venha a se manifestar em alguma criança com a qual conviva.
Causa, transmissão e sintomas
A escarlatina é uma doença infecciosa aguda, provocada pela bactéria Estreptococo beta hemolítico do grupo A – a mesma que causa diversas outras doenças da infância como faringite, amigdalite e pneumonia.
Essas outras doenças são, muitas vezes, antecessoras da escarlatina. A maioria das crianças diagnosticadas com escarlatina desenvolveu-a a partir de uma infecção de garganta. Isso porque o que efetivamente causa a escarlatina é uma reação alérgica às toxinas que a bactéria libera.
Aproximadamente 10% das crianças que se infectam com a bactéria são hipersensíveis à sua toxina e acabam desenvolvendo a escarlatina.
A doença é transmitida por meio do contato direto de saliva ou secreção nasal de pessoas portadoras da bactéria, mesmo as que não apresentam sintomas. A forma de contato é diversa: gotículas expelidas em tosse ou espirro, beijo, uso de utensílios compartilhados ou quando uma criança toca uma partícula contaminada e leva a mão ao nariz ou à boca.
Em outras palavras, a patologia é altamente contagiosa. Essa é a principal preocupação de profissionais de saúde, pais e educadores, uma vez que as escolas tornam-se rapidamente um foco de contaminação.
Nas crianças que desenvolvem os sintomas, normalmente a escarlatina começa a se manifestar com calafrios e febre, que vai diminuindo ao longo dos dias. Na sequência é comum aparecerem dores de garganta, erupções na pele e na língua – estes, os sinais mais tradicionais da doença.
Na pele, as pequenas manchas são ásperas e apresentam a coloração de um vermelho bem forte. Normalmente elas começam no tronco e depois se espalham pelo pescoço, rosto, braços e pernas. Na língua, aparecem pequenos carocinhos que posteriormente se desfazem. Quando isso acontece, a língua fica arroxeada.
Escarlatina: diagnóstico, prevenção e tratamento
Praticamente todos os casos de escarlatina são diagnosticados com exame clínico, no consultório. Em raras situações são necessários exames laboratoriais – caso seja preciso, a pediatra irá solicitar.
Por ser uma doença em que boa parte dos casos são assintomáticos e que se manifestam nas pequenas e nos pequenos, torna-se muito difícil prevenir a escarlatina quando ela infecta uma criança em idade escolar. A melhor forma de evitar a infecção é higienizando as mãos adequadamente e com frequência, não compartilhando copos, pratos e talheres e evitando o contato com as pessoas que já estão com diagnóstico da doença.
O tratamento envolve o uso de antibióticos. Em alguns casos, analgésicos também podem ser receitados, principalmente para combater os sintomas – febre e dores de garganta.
É recomendado que o paciente seja tratado pela pediatra com a qual ele faz suas consultas de puericultura. Digo isso porque há casos de crianças que manifestam alergia a determinados antibióticos. A pediatra que possuir o histórico do paciente conseguirá indicar o remédio mais adequado.
Nunca é demais lembrar que nenhum medicamento, especialmente antibiótico, deve ser administrado sem a prévia consulta à pediatra.
O período de incubação da bactéria varia de um a 10 dias. Em outras palavras, os sintomas estarão aparentes por um período igual ou um pouco maior do que 10 dias.
A escarlatina é uma doença que raramente evolui para um quadro grave. Portanto, apesar de ser altamente transmissível, ela não trará complicações para a maioria das pequenas e pequenos. Quão mais precoce for o diagnóstico, maiores as chances da criança passar pela escarlatina de forma tranquila.
Mamães e papais: caso sua filha ou filho manifestem os sintomas, entre em contato com a pediatra e com a escola! Surtos como os que estamos enfrentando aqui em Minas Gerais podem ser reduzidos se as crianças não entrarem em contato uma com as outras. Com poucos dias fora da escola – um ou dois – já dá para evitar muito contato potencialmente transmissível da doença.