Dermatite atópica

Já estamos na metade do verão, época de sol, tempo quente e… férias escolares! Nesse período, as viagens familiares são muito comuns e um dos destinos preferidos são as praias do litoral brasileiro! Mas o calor, a água do mar e a areia da praia formam uma condição que pode desencadear, nas pequenas e pequenos, a manifestação da dermatite atópica.

Esta patologia, também conhecida como eczema atópico, é uma doença inflamatória da pele que costuma se manifestar no primeiro ano de vida.

Se nos detivermos aos termos que compõem o nome da doença, algumas de suas características ficam evidentes. Chamamos de “atopia” a característica genética de hipersensibilidade ao ambiente. Quem é atópico tem uma reação imunológica excessiva a alergênicos que estão presentes no nosso dia a dia: poeira, pólen, pelo de animais, dentre outros.

Essa excessiva resposta do sistema imunológico pode se manifestar de diversas formas: como asma, rinite, conjuntivite alérgica… Em alguns indivíduos a reação acontece na pele formando os eczemas: manchas vermelhas que podem evoluir para um edema com vesículas e, em casos mais graves, para descamação e feridas na pele.

Transição alimentar

 

Causa, transmissão e sintomas

A dermatite atópica pode se manifestar por diversos motivos. Entretanto, sua causa é genética. Quem é atópico tem uma predisposição a produzir os anticorpos do tipo imunoglobulina E, conhecidos como IgE, após uma exposição a alergênicos.

Apesar de não causar a doença, há dois fatores sempre presentes nos pacientes que manifestam o eczema atópico. O primeiro é a pele seca. O segundo é o limiar diminuído para prurido, que nada mais é que ser muito facilmente estimulado a se coçar – muitas vezes, desencadeando uma crise de coceira intensa e incontrolável.

Por ser a manifestação de uma característica genética, a dermatite atópica normalmente é passada dos pais para o filho. Entretanto, há estudos que investigam a associação entre episódios da gestação – exposição da mãe à fumaça de tabaco, situações de estresse – e o desenvolvimento do atopismo no feto.

Os sintomas da dermatite atópica variam conforme a idade e a severidade da doença. Nos primeiros 12 meses de vida, o bebê costuma apresentar o eczema – a lesão clássica da doença – na face, especialmente nas bochechas. Especialmente nessa idade é muito comum que a doença venha associada a uma outra dermatite: a seborréica.

Entre os dois anos e a adolescência, as lesões aparecem principalmente nas áreas onde flexionam-se os joelhos, cotovelos, pescoço, pulso e tornozelo. Os eczemas vão se transformando em trechos da pele mais espessos e escuros. Aproximadamente 60% dos pacientes com dermatite atópica apresentam melhora ou desaparecimento total nessa fase da doença

 

Dermatite atópica: diagnóstico e tratamento

Na enorme maioria dos casos, o eczema atópico é diagnosticado clinicamente. A pediatra irá analisar os sinais e sintomas do paciente, seu histórico familiar e as mudanças ambientais pelas quais a criança passou antes do surgimento dos sintomas. Como disse no início do texto, uma visita à praia pode ser o fator a desencadear a dermatite atópica. Isso porque a alteração da temperatura, da umidade, do pH da pele ou o contato com novos poluentes – dissolvidos na água do mar ou misturados na areia – podem ser os gatilhos a disparar a hipersensibilidade do sistema imunológico do indivíduo atópico.

O tratamento da dermatite atópica passa, principalmente, pela hidratação da pele da criança. Como já expliquei, quase todo paciente que manifesta o eczema atópico tem pele seca. Portanto, hidratar a pele da criança com o hidratante recomendado pela pediatra é fundamental.

Outros hábitos ajudam a combater os sintomas: preferir sempre banhos com água fria ou morna, manter as unhas cortadas – para evitar que, ao coçar, a pele seja machucada -, evitar ambientes com forte presença de poeira ou fumaça, os alergênicos que provocam a dermatite atópica.

Roupas e calçados de lã ou tecidos sintéticos também devem ser evitados. Prefira sempre tecidos macios, como algodão. Além disso, as roupas não devem ser muito justas.

Boa parte dos casos de dermatite atópica regridem até o final da adolescência. Entretanto, aproximadamente 40% dos pacientes convivem com essa doença por toda a vida. E, dependendo de sua gravide, há impactos significativos na qualidade de vida do indivíduo.

Muito por isso, boa parte do tratamento para a dermatite atópica é psicológico e deve começar cedo. Orientar a criança a evitar de coçar os eczemas, para que eles não se agravem e, principalmente, tentar construir um ambiente livre de estresse. Na fase adulta, o estresse é um dos principais causadores de surtos graves da doença.

Por ser uma patologia que se manifesta na pele, os sinais na criança devem ser minuciosamente observados. Portanto papais e mamães: não percam as consultas de puericultura e, se sua filha ou filho manifestar coceira recorrente e manchas vermelhas na pele, procure a pediatra! Quanto antes o tratamento para a dermatite atópica for iniciado, mais rapidamente ele se tornará um hábito!