Sono em crianças com autismo

Neste ano tenho me dedicado a publicar, aqui no blog, conteúdos sobre transtornos neurobiológicos como o TDAH e o transtorno do espectro austista, o TEA. Como são condições de difícil diagnóstico, para que este seja bem-feito, é importante analisar com atenção os sinais e sintomas que a criança ou o adolescente apresenta. Um deles deve ser observado à noite, uma vez que o sono em crianças com autismo é menos regular.

Os principais sinais de pessoas com TEA são dificuldade na interação social e na reciprocidade sócio emocional, o que acaba gerando alterações comportamentais. Contudo, outros sintomas e sinais, quando relatados, auxiliam fortemente na investigação sobre a existência do transtorno. Um deles já é a natural e bastante comum seletividade alimentar. Em crianças autistas ela é exacerbada, uma vez que elas possuem pouca flexibilidade mental, o que gera uma forte resistência a mudanças – inclusive em padrões alimentares.

Outro sinal que ajuda na formação do diagnóstico do autismo é a qualidade do sono, que costuma ser mais baixa se comparada a pequenas e pequenos que não possuem o transtorno. Crianças e adolescentes autistas enfrentam diferentes distúrbios do sono com maior frequência. Fique comigo neste texto para conhecê-los e saber o que pode ser feito para ajudar sua filha ou filho!

Transição alimentar

 

Distúrbios do sono em crianças e adolescentes com TEA

Faz alguns anos que a baixa qualidade de sono tornou-se uma preocupação para a Organização Mundial de Saúde (OMS), especialmente em países industrializados. Essa possível “epidemia de privação de sono” infelizmente também atinge as crianças.

Pesquisas recentes ao redor do mundo, com diferentes grupos amostrais, sugerem que 12% das crianças entre nove e onze anos apresentam problemas para dormir todas as noites. Já pesquisas com crianças com autismo mostram que entre 50% e 80% apresentam alguma dificuldade para dormir, sendo que algumas delas já foram diagnosticadas com distúrbios do sono.

Os mais frequentes em crianças autistas são insônia e as parasomnias mais comuns: pesadelo, terror noturno e sonambulismo. Todas elas atrapalham a pequena ou pequeno a alcançar o sono REM, a mais profunda e restauradora das fases do sono. Ela é também conhecida como fase cognitiva, etapa na qual acontece a fixação de memórias.

 

Sono em crianças com autismo: o que pode ser feito para melhorá-lo?

Nunca é demais lembrar que o sono é um processo biológico necessário para restaurar nossos sistemas. Sendo assim, é fundamental que qualquer indivíduo, criança ou adulto, portador ou não de algum  transtorno neurobiológico, durma bem.

Contudo, o sono é ainda mais importante em crianças, especialmente para as menores. Quem leu meu texto sobre o sono do bebê vai se lembrar que, até completar o primeiro ano de vida, os bebês devem dormir pelo menos 12 horas por dia, sendo que o recomendado é que durmam entre 12 e 16h! Adolescentes só devem passar a dormir menos de 9h por dia depois de completarem 18 anos.

Alguns comportamentos podem ser adotados para melhorar o sono em crianças com autismo. A principal delas: fazer a devida higiene do sono junto com a criança. Isso envolve:

  • Respeitar o ciclo circadiano, buscando acordar e dormir no mesmo horário.
  • Evitar bebidas estimulantes seis horas antes de deitar e, em hipótese alguma, permitir que a criança ingira chá, café ou refrigerantes de cola dada a ação da cafeína em crianças
  • Evitar atividades físicas, refeições pesadas e telas antes de dormir; com estas o cuidado deve ser redobrado, diante dos prejuízos causados pelo uso de telas por crianças 
  • Controlar a luz do quarto
  • Investir em acessórios do sono de qualidade, especialmente colchões e travesseiros

Caso nenhum desses comportamentos auxilie na melhoria da qualidade do sono na criança com autismo, entre em contato com a pediatra e agende uma consulta! Analisaremos melhor o caso da sua pequenina ou pequenino. Há alternativas de investigações mais detalhadas com exames do sono nada invasivos e que podem nos ajudar a caracterizar melhor o quadro.

E sempre é válido reforçar: valide seus sentimentos, principalmente se o sono da criança com autismo estiver afetado. Pesadelos e outras parasomnias são comuns e devem ser tratados com acolhimento. Em crianças que têm dificuldade de compreender as próprias emoções, o efeito de um sonho ruim pode ser ainda pior. Acolher é a melhor escolha para manter os bons resultados dos tratamentos.

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