Morte precoce e TDAH

Há aproximadamente dois meses eu publiquei um texto sobre o TDAH no qual descrevi vários sinais que podem ser apresentados por crianças que possuem o transtorno. Neste texto eu vou falar de algumas das consequências desses sinais. Elas mostram que há uma relação entre morte precoce e TDAH, tanto em crianças quanto em adultos.

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é um transtorno de neurodesenvolvimento que provoca níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e hiperatividade-impulsividade. Crianças com TDAH podem apresentar diversos sinais que afetam sua capacidade de concentração, como:

  • Falta de atenção a detalhes, provocando excesso de erros que aparentam descuido ou negligência
  • Dificuldade de manter atenção em tarefas ou atividades lúdicas prolongadas
  • Dificuldade de seguir instruções até o fim, gerando incapacidade de concluir tarefas escolares
  • Resistir ou evitar tarefas que exigem esforço mental prolongado
  • Diante de situações que exigem atenção, sair do local que está e passar a se movimentar
  • Incapacidade de se envolver em atividades lúdicas de forma calma (normalmente envolve-se gritando ou de forma agitada)

Devido a esses sinais, a concentração de crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é prejudicada. Com uma concentração menor, a capacidade cognitiva e de aprendizado também sofre impactos. São as consequências dessa cognição e aprendizado limitados que embasam a correlação entre morte precoce e TDAH.

Transição alimentar

 

Morte precoce e TDAH em indivíduos jovens e adultos

Em janeiro deste ano foi publicado no Jornal Britânico de Psiquiatria um estudo sobre a expectativa de vida em indivíduos jovens e adultos que possuíam o diagnóstico do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. A pesquisa, que levou em conta apenas pacientes do Reino Unido, constatou que homens adultos com TDAH têm seis anos e nove meses a menos de expectativa de vida, se comparados a indivíduos que não possuem o transtorno. No caso das mulheres, são oito anos e oito meses a menos na expectativa de vida.

O que o estudo indica é que o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade não é a causa ou fator biológico direto para a menor expectativa de vida. São as consequências dos sinais, principalmente quando o tratamento precoce não ocorre.

O que parece apontar para uma menor expectativa de vida em pessoas com TDAH é uma complexa interação de fatores secundários. Pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade experienciam, desproporcionalmente, sensações de inadequação e adversidade, incluindo baixa tolerância no ambiente educacional e no trabalho. Essas condições acarretam discriminação que acabam levando, muitas vezes, ao desemprego e a problemas financeiros. 

Além disso, a impulsividade e consequente menor controle inibitório aumenta a propensão a comportamentos de risco de pacientes com TDAH. Isso acarreta um aumento no abuso de álcool, tabagismo e outras substâncias psicoativas, além de uma maior compulsão alimentar, que gera níveis de obesidade mais graves.

Por fim, quem leu o texto que publiquei no blog sobre autismo vai se lembrar que, de maneira geral, transtornos neurobiológicos são de difícil diagnóstico porque normalmente há a associação de mais de um deles no mesmo paciente. Sendo assim, não é incomum que pacientes com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade também apresentem transtornos de ansiedade, de personalidade e de humor, como depressão.

Todos esses fatores já seriam argumentos suficientes para tratar o TDAH na infância, uma vez que, uma das principais missões da pediatria é formar o adulto saudável. Entretanto há situações em que crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade podem vivenciar que as colocam em risco.

 

Situações específicas em crianças e adolescentes

Em fevereiro de 2022 foi publicado na seção de Pediatria do Jornal da Associação Médica Norte-americana um estudo com ampla análise estatística sobre as causas de mortes em pacientes com TDAH e autismo. Os dados mostram que, em crianças, morte precoce e TDAH também estão associadas e pelas mesmas razões do que em adultos; não enquanto um fator biológico mas sim como uma consequência da condição do paciente.

Em crianças e adolescentes com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, há uma maior taxa de mortes precoces e as causas são não naturais. Em outras palavras, os óbitos acontecem por causa de intoxicações e acidentes. Ambas motivadas ou pela impulsividade ou pela falta de atenção, sinais característicos em crianças com TDAH.

Sim, crianças com transtornos neurobiológicos precisam de mais atenção e acompanhamento próximo. Contudo, papais e mamães, nada de desespero: há diversas maneiras de promover a prevenção de acidentes de bebês, crianças e adolescentes.

Uma das principais formas de aumentar os próprios níveis de atenção das pequenas e pequenos é ficar de olho na nutrição deles, estimulando os bons hábitos alimentares de crianças. Há uma correlação direta entre boa alimentação e desenvolvimento neuropsicomotor. Pequenas e pequenos precisam de diversos nutrientes para o devido desenvolvimento do sistema nervoso central e, consequentemente, das funções cognitivas.

Se você suspeita que seu filho possua TDAH ou algum outro transtorno neurobiológico e quer entender melhor o que pode ser feito para reduzir os riscos de acidentes, faça contato e agende uma consulta com a pediatra! Falaremos sobre todas as possibilidades de tratamento e acompanhamento, para minimizar os riscos à integridade da criança.

 

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