TDAH
De alguns anos para cá, nos acostumamos a ouvir com maior frequência crianças diagnosticadas com TDAH. A sigla, que ficou famosa, refere-se ao Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, um transtorno neurobiológico. Crianças e adolescentes com TDAH costumam apresentar falta de atenção, inquietação e impulsividade.
Assim como o autismo, o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade não é uma doença e sim um transtorno. Ele está classificado na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-5, como um transtorno de neurodesenvolvimento. O TDAH é definido como um transtorno que provoca níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e hiperatividade-impulsividade.
O TDAH é de difícil diagnóstico, assim como os outros transtornos de neurodesenvolvimento. Mesmo diante da imprecisão diagnóstica, estudos científicos vêm levantando dados sobre a prevalência do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade no Brasil e no mundo. Dados de 2021 apontam que, globalmente, aproximadamente 7% das crianças e adolescentes de 5 a 18 anos tem TDAH. No Brasil, a estimativa é que 6% das crianças e adolescentes tenham o transtorno. Entretanto, dado o grande percentual da população do país que vive em situação vulnerável, é provável que exista um número muito alto de subnotificações.

Causas e sinais
Apesar de ser um transtorno de causas multifatoriais, os fatores genéticos são os principais responsáveis pelo TDAH: 70 a 80% do risco de desenvolvimento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade provém da hereditariedade.
Estudos indicam que crianças com TDAH possuem uma desregulação na dopamina, um neurotransmissor que atua em diversos processos cerebrais como cognição, recompensa e respostas emocionais e motivacionais.
Fatores hereditários também apontam para o funcionamento característico do córtex pré-frontal, a região do cérebro responsável pela capacidade de concentrar atenção, organizar informações complexas, controlar impulsos e gerenciar emoções. Em pacientes com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, o córtex pré-frontal apresenta atividade reduzida, principalmente no que se refere à estrutura e intensidade dos circuitos.
Para além da hereditariedade, fatores ambientais também contribuem para o desenvolvimento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Mães que fizeram uso de álcool ou cigarro durante a gestação e bebês prematuros tem maior chance de desenvolver TDAH.
Episódios da infância do paciente como exposição a poluentes pesados, como o chumbo, ou fortes experiências traumáticas que aconteceram muito precocemente também podem influenciar no desenvolvimento do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.
Os sinais que apontam para uma criança com TDAH dividem-se em sinais de desatenção e sinais de hiperatividade ou impulsividade. Os principais são:
- Desatenção
- Falta de atenção a detalhes, provocando excesso de erros que aparentam descuido ou negligência
- Dificuldade de manter atenção em tarefas ou atividades lúdicas prolongadas
- Aparenta não escutar quando alguém lhe dirige a palavra
- Dificuldade de seguir instruções até o fim, gerando incapacidade de concluir tarefas escolares
- Dificuldade de organizar tarefas e atividades, evidenciado pelo fato de não conseguir gerenciar tarefas sequenciais
- Resiste ou evita tarefas que exigem esforço mental prolongado
- Distrai-se facilmente com estímulos externos
- Hiperatividade ou impulsividade
- Não consegue ficar parado muito tempo
- Quando está aparentemente quieto, manifesta gestos repetitivos como batucar com as mãos sobre superfícies ou bater os pés no chão
- Diante de situações que exigem atenção, sai do local que está e passa a se movimentar
- Incapacidade de se envolver em atividades lúdicas de forma calma (normalmente envolve-se gritando ou de forma agitada)
- Tem dificuldade em esperar
- Em diálogos, interrompe a fala do outro com frequência
TDAH: diagnóstico, prevenção e tratamento
Os sinais que apontam para um possível caso de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade também estão presentes em outros transtornos neurobiológicos. Sendo assim, a sobreposição com outros transtornos é o maior obstáculo para um diagnóstico preciso.
O diagnóstico do TDAH acontece, eminentemente, por meio de análise clínica. A pediatra poderá solicitar registros do desempenho escolar e relatos de profissionais que acompanham a criança na escola, como professores e supervisores.
A pediatra também investigará o histórico familiar para averiguar a existência de pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade na família, especialmente nos pais ou avós.
A primeira tarefa do diagnóstico é eliminar outros transtornos neurológicos como autismo e até depressão.
Identificado o paciente com TDAH, a pediatra passará para a caracterização do paciente: se o transtorno é de déficit de atenção, de hiperatividade ou dos dois. Em seguida, passa-se à classificação da condição da criança, que pode ser leve ou moderada.
A avaliação multidisciplinar – que envolve a pediatra, uma psicóloga ou psicólogo e, em alguns casos, pedagogos e fonoaudiólogos – é uma importante ferramenta para diagnosticar o TDAH e deve ser realizada, se possível for.
Por ser um transtorno no qual os fatores hereditários têm enorme influência, a prevenção do TDAH é possível quando são evitados os fatores ambientais que podem desenvolvê-lo ou agravá-lo. Não consumir álcool ou cigarro na gravidez é o primeiro passo. Depois do nascimento do bebê, fazer a amamentação exclusiva pelos primeiros seis meses e, na transição alimentar, realizar o preparo apenas com os alimentos permitidos – especialmente os que contém ômega 3 – irá aumentar a qualidade da nutrição e, consequentemente, da saúde da criança.
O tratamento do TDAH passa, principalmente, por terapias cognitivas e comportamentais, mudanças de estilo de vida e novas abordagens de estudo escolar, às vezes exigindo adaptações pedagógicas da escola. Em alguns casos, a pediatra pode receitar o uso de medicamentos.
Por fim e para tranquilizar papais e mamães cujas filhas ou filhos tem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade: abordagens conservadoras com terapias comportamentais tem apresentado ótimos resultados, especialmente em casos de diagnóstico precoce. Portanto, se você suspeita que sua pequena ou pequeno possui TDAH ou algum outro transtorno neurobiológico, leve-o à pediatra e converse com ela! O diagnóstico precoce é a melhor arma para tratar o TDAH!
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