Janela de sono do bebê

Por que é tão importante que as crianças durmam muito?

Quem acompanha meus conteúdos aqui no blog e lá no Instagram já me ouviu dizer que o sono é um processo biológico necessário para restaurar nossos sistemas. Enquanto dormimos, nosso corpo entra em estado anabólico, fase na qual ele constrói moléculas complexas a partir das mais simples.

Esse processo é ainda mais fundamental quando o corpo ainda não está pronto. Sim, nossos sistemas não estão integralmente desenvolvidos quando nascemos; é especialmente ao longo da primeira infância que vamos concluir o desenvolvimento biológico.

Portanto, dormir bem é parte imprescindível da evolução do organismo do bebê, principalmente do desenvolvimento neuropsicomotor. É dormindo que ele vai regular o seu ciclo circadiano e, ao longo do tempo, passar naturalmente a entender os momentos de dormir ou de estar acordado.

Além disso, durante o sono acontece tanto a fixação das memórias quanto a liberação do hormônio do crescimento. Seus picos de secreção ocorrem durante o sono profundo, enquanto a fixação das memórias acontece durante o sono REM, a última das fases do sono. Portanto, se a criança dorme por muitas horas, ela tende a crescer mais e fixar melhor as lembranças, processo fundamental para a formação da inteligência.

Janela de sono do bebê: o que deve ser observado?

Conforme dissemos, o recém-nascido ainda não é um organismo pronto. Sendo assim, vários dos seus processos biológicos ainda estão se regulando, como o ritmo vigília-sono. Ele determina a janela de sono do bebê, manifestando-se algumas vezes ao longo do ciclo circadiano, ou seja, nas 24h do dia.

Esse “padrão” vai ocorrer no primeiro ano da criança, especialmente nos primeiros seis meses. A partir do sétimo mês de vida, o tempo de sono noturno aumenta. O ideal é que crianças, a partir de um ano, durmam toda a noite, por um período mínimo de 12h, podendo manter algumas sonecas diurnas.

Nos primeiros meses de vida, a janela de sono do bebê dura, em média, uma hora. É importante chamar atenção: esse tempo é uma média, cada criança tem o seu comportamento e desenvolverá naturalmente o seu ritmo de sono-vigília. Por isso é tão importante estar atento aos sinais abaixo:

• Bocejos
• Esfregar ou coçar os olhos
• Olhar distante e fixo em algo
• Piscadas frequentes
• Pálpebras pesadas
• Choro sem motivo aparente
• Redução da interação com outras pessoas
• Redução da responsividade ou atividade do corpo
• Irritabilidade ou agitação

Esses são sinais clássicos e sim, alguns são opostos. Há bebês que manifestam sonolência reduzindo a atividade corporal, outros aumentando, ficando agitados. E há recém-nascidos que irão manifestar os dois sinais. Lembre-se: o repertório cognitivo dos bebês é limitado; se a sonolência provoca raiva, ele ficará irritado, se provoca cansaço ele manifestará reduzindo a atividade.

Há situações nas quais as duas emoções, e várias outras, podem ser acionadas ao mesmo tempo. Portanto, a recomendação mais importante para papais e mamães é: fiquem atentos aos sinais. Não negligencie as manifestações da sua filha ou filho. Enquanto eles não aprenderem a falar, são esses os recursos cognitivos que eles dispõem.

O maior benefício de estar atento aos sinais do bebê é ajudá-lo na compreensão – ainda inconsciente – da sua rotina, favorecendo assim o tempo de sono. Assim como nos momentos de nutrição, principalmente na etapa de transição alimentar, a rotina é fundamental. Ela ajuda sobremaneira na regulação de todos os ciclos biológicos do bebê.

Se você está com dificuldade de interpretar os sinais do seu bebê ou se não tem conseguido estabelecer uma rotina de sono adequada para ele, traga esses assuntos para as consultas de puericultura. Há estratégias que podemos discutir para favorecer a rotina do bebê trazendo menor impacto para a dos cuidadores.